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Política

Doria: atos pró e contra governo federal serão em dias diferentes

Segundo o governador, a medida é para evitar confrontos
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 01/06/2020 - 16:09
São Paulo
O governador de São Paulo, João Doria, concede entrevista à imprensa
© Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria, disse hoje (1º) que a Polícia Militar do estado vai impedir que duas manifestações opostas, contrárias ou favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro, ocorram no mesmo dia, local e horário. Segundo ele, a medida é para evitar a possibilidade de confrontos.

“O governo de São Paulo volta a repetir que não cerceará nenhum direito à manifestação, seja de quem for, seja de que lado estiver fazendo seu protesto. O governo do estado de São Paulo garantiu e garantirá o direito de manifestação a quem quer que seja. Todos têm direito a se manifestar, mas ninguém terá direito a agredir”, disse Doria. “Estamos de acordo para que, a partir de agora, não tenhamos duas manifestações no mesmo local, no mesmo horário ou no mesmo dia”, acrescentou.

Ontem (31), dois atos foram marcados na Avenida Paulista. Um deles, a favor do governo, foi realizado em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O outro, contrário ao governo e liderado por torcidas de futebol paulistas, ocorreu na frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Em determinado momento do ato, houve um princípio de tumulto entre as duas manifestações. De acordo com a PM, para impedir o tumulto, a polícia precisou agir, usando gás lacrimogêneo. “Graças à intervenção da Polícia Militar ontem, na Avenida Paulista, evitamos uma situação de confronto que poderia trazer resultados gravíssimos, de pessoas feridas, de parte a parte”, destacou Doria.

Segundo o secretário de Segurança Pública, João Camilo Pires de Campos, a polícia de São Paulo “não tem lado”. “O lado do sistema de segurança pública é o da ordem, da lei. Ontem a PM atuou para que dois grupos antagônicos pudessem se manifestar e estivessem preservados. A PM evitou ontem um conflito que poderia ter consequências indesejáveis”, disse. Segundo Campos, duas pessoas ficaram levemente feridas no ato de ontem.

Em entrevista hoje (1º),  o secretário executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Alvaro Camilo, afirmou que a polícia impediu que os grupos opostos se encontrassem ontem, na Avenida Paulista. “A PM impediu que um grupo caminhasse em direção a outro grupo. E usou técnicas de controle de multidão, como a dissuasão, evitando que eles se aproximassem. E, em um segundo momento, uso de munição química como bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Se necessário, haveria o uso progressivo da força.”

Doria alertou que manifestações de princípios antidemocráticos, atreladas ao nazismo e ao fascismo por exemplo, não serão toleradas no estado, já que são proibidas pela Constituição. “Manifestações que estabeleçam discriminação racial são proibidas pela Constituição brasileira. Se houver qualquer manifestação explícita, com sinais que indiquem discriminação à comunidade judaica, por exemplo, a ação da Polícia Militar será feita porque ela [esse tipo de manifestação] é proibida pela Constituição”, acrescentou o governador.

População em situação de rua

Durante entrevista hoje à imprensa, Doria informou que serão criados 50 novos centros de acolhida no estado para pessoas em situação de rua. Serão repassados R$ 500 mil e a doados mil mobiliários, como camas e colchões, para a implantação de alojamentos provisórios em 50 municípios do estado com mais de 100 mil habitantes. "Foram escolhidas cidades com mais de 100 mil habitantes, com maior número de pessoas em situação de rua e de acordo com os dados dos municípios e da Fundação Seade", disse o governador.

Cada município deverá firmar um termo de aceite para obter, como benefícios emergenciais, a doação de 20 camas e 20 colchões de solteiro, repasse financeiro de R$ 10 mil e as orientações técnicas para a operação dos alojamentos provisórios. O custeio das unidades ficará a cargo das prefeituras.

O governador anunciou hoje também o início da campanha Inverno Solidário, que, neste ano, irá arrecadar cobertores novos para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social para enfrentar o período de frio. “Em razão da pandemia do coronavírus, serão arrecadados este ano apenas cobertores novos para evitar o risco de transmissão da doença na manipulação de peças usadas. Por meio do Comitê Empresarial Solidário, já recebemos hoje a doação de 60 mil cobertores”, disse Doria.

A ação será realizada de 2 de junho a 22 de setembro, e o recolhimento dos cobertores será feito junto a estabelecimentos parceiros. A entrega das doações também poderá ser feita em horário comercial diretamente no depósito do Fundo Social, que fica na Avenida Marechal Mario Guedes, 301, na zona oeste da capital.