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Cultura

Primeiro arranha-céu do país é tombado pelo Iphan

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Nanna Pôssa
28/08/2015 - 14:24
Rio de Janeiro

Quem passa pela Praça Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro nos dias de hoje não consegue reconhecer o antigo esplendor do primeiro arranha-céu da América Latina: o edifício A Noite. O prédio histórico está há mais de 3 anos fechado, e acaba de entrar na lista de bens culturais protegidos pelo governo brasileiro.

 

O tombamento do imóvel foi aprovado pelo conselho do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em abril de 2013, mas a homologação somente foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (27).

 

O edifício a noite foi inaugurado em 1929. De acordo com o parecer do Iphan, o prédio de 22 com vista para a Baía de Guanabara é emblemático tanto pelo aspecto arquitetônico como cultural.

 

Ele é o marco do processo de verticalização da cidade e também era de lá que a Rádio Nacional transmitia para todo o país notícias, músicas e novelas. Nos corredores, circulavam artistas como Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Marlene e Francisco Alves.

 

A atriz e radialista Daisy Lúcidi começou a trabalhar no edifício A Noite no início da década de 1950 e até hoje comanda o programa Alô, Daisy!, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Daisy lembra do glamour na época de ouro da rádio.

 

Sonora: "A Rádio Nacional foi um marco  na vida do Brasil. Nós tínhamos rádio teatro desde oito e meia da manhã, até dez horas na noite um teatro completo, e à noite nós trabalhávamos a rigor. Nós tínhamos camarim, nós levávamos vestidos compridos, os homens, smoking."

 

Hoje o edifício A Noite pertence ao governo federal e está fechado precisando de uma reformas estruturais. Os últimos a saírem foram os trabalhadores da Rádio Nacional e da Agência Brasil que foram transferidos em 2012.

 

Mesmo desativado, a manutenção mínima e vigilância 24 horas consomem por mês em média R$ 388 mil dos cofres públicos. Quem paga é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que ocupava 18 andares do imóvel.

 

O destino do prédio ainda é incerto. O INPI afirmou que lançou em 2012 uma licitação para elaboração de um projeto de reforma, mas por causa de restrições orçamentárias os planos nunca saíram do papel.

 

O tombamento, que proíbe que o prédio seja desconfigurado do original, ajudou a encarecer a proposta de revitalização. De acordo com a nota do INPI hoje o órgão avalia junto com os Ministérios do Desenvolvimento e do Planejamento  alternativas para viabilizar a utilização do edifício.

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