"Ex-Pajé" abre Festival Internacional de Cinema Ambiental na Cidade de Goiás
A temática indígena foi destaque no primeiro dia da 20ª edição do Fica, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, na cidade de Goiás.
O longa “Ex-Pajé”, do cineasta Luiz Bolognesi, abriu a mostra de cinema na noite dessa terça-feira (5) e colocou os indígenas no centro de uma discussão sobre sustentabilidade e religiosidade.
Com o filme, o festival provoca uma reflexão sobre a importância do conhecimento indígena para o pensamento ambiental, de como conseguir produzir alimentos preservando a biodiversidade genética de um bioma.
“As árvores de araucárias foram eles que plantaram. As matas de açaí, eram eles que disseminavam as sementes. Até a Mata Atlântica foi muito modificada pelos tupi-guaranis, que plantavam tudo que eles precisavam para comer”, destacou o cineasta.
O filme acompanha a história do Pajé Perpera Suruí em meio à crescente evangelização dos indígenas da sua tribo. Ele foi demonizado por um pastor da igreja evangélica e só conseguiu se relacionar com a comunidade novamente depois que aceitou participar das atividades na igreja.
O longa já ganhou dois prêmios, nos festivais de Berlim e do É Tudo Verdade. Trata-se de um filme de resistência, segundo o diretor, que retrata o processo de aculturação dos indígenas no Brasil e as contradições entre a transformação da tribo e a resistência da cultura e dos conhecimentos ancestrais.
“O pajé está sob ataque, sendo acusado de ser um enviado do demônio. Mas ele resiste. Há uma resistência meio escondida, apesar de o pastor dizer que eles não podem ter aquelas crenças, ainda persiste uma maneira mágica de olhar o mundo, ligada à tradição”, explicou Luiz Bolognesi.
O Fica é uma realização da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte do governo de Goiás e a equipe da Agência Brasil viajou a convite da organização.