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Cultura

Círio de Nazaré tem o sagrado e o profano convivendo durante os festejos da cultura popular

Cultura popular
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Renata Martins
12/10/2019 - 07:30
Brasília

Não é só a devoção religiosa que fez com que o Círio de Nazaré, em Belém, no Pará, fosse certificado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO – a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

 

A sagrada festa católica é cercada de manifestações sociais diversas. Entre elas, expressões culturais, de fortalecimento da fé, dos laços familiares e até rituais profanos.

 

Em meio às 11 procissões oficiais, paraenses e turistas circulam por uma Belém que, independentemente de credo, quer celebrar a festa feita para Nossa Senhora de Nazaré.

 

No segundo fim de semana de outubro, vários eventos estão fora da programação oficial da Arquidiocese de Belém, mas são reconhecidos como patrimônio cultural.

 

O Auto do Círio é uma apresentação dos alunos de teatro da universidade federal do Pará, considerado como uma homenagem dos artistas para a Virgem de Nazaré, na noite de sexta-feira.

 

No sábado pela manhã, depois da Romaria Fluvial, o Arrastão do Círio, promovido pelo Arraial do Pavulagem, faz um cortejo de cultura popular com danças e sons dos povos da Amazônia, como a Mazurca e o Boi-Bumbá.

 

Na noite de sábado, uma tradição, talvez a mais famosa e a mais polêmica: a Festa da Chiquita teve início na década de 1970 quando minorias, homossexuais, boêmios, prostitutas ficavam em um bar que fica no percurso da principal procissão do Círio.

 

O servidor público Mário Valmonte não vê contradição nos mais diversos festejos. Para ele, o Círio é como várias outras manifestações brasileiras, que reúnem o sagrado e profano.

 

“Muitos falam que é o Natal do paraense. Mas eu vou além, o Alto do Círio, por exemplo, tem uma pegada muito carnavalesca, por ser um cortejo de rua, com adereços, carro alegórico. Em outro momento o Cortejo do Pavulagem traz uma musicalidade, uma presença típica nossa dos festejos juninos. Se tu fores ver, todas essas festas têm algum paralelo com religiosidade. O carnaval marca, na quarta-feira de cinzas, o início da quaresma. No período junino têm os santos”.

 

O Círio de Nazaré, em Belém, teve origem com o achado de uma pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré às margens do igarapé Murutucu, há 227 anos.

 

A festividade transcende até diferenças religiosas. No domingo, por exemplo, dia da grande procissão, evangélicos da Assembleia de Deus abrem as portas da igreja para oferecer café da manhã aos romeiros que seguem a imagem peregrina da santa católica.

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