Escritor indígena lança livro com histórias de sua infância

Quebrar estereótipos e aproximar o leitor da cultura indígena através das aventuras de crianças e adolescentes de uma etnia guarani.

Sonora: “Éramos um grupo de garotos aventureiros. E era o local onde gostávamos de realizar nossas caçadas. Durante o dia realizávamos os preparativos pra grande caçada que aconteceria à noite e viraria a madrugada. A caçada de tatu”.

Tiago Nhandewa é professor, antropólogo e escritor do livro Quando caçava tatu e outros bichos.

Sonora: “Este livro traz um conteúdo muito rico em detalhes da realidade atual, saindo um pouquinho daquele estereótipo, que foi criado nos livros didáticos. O livro, além dele ser um incentivo à leitura e à escrita e o surgimento de novos escritores indígenas. Então, ele preencheu também o vazio das bibliotecas das escolas indígenas, que quase não tem autores indígenas.”

Além de incentivar a leitura, o projeto também se tornou uma maneira de apoiar a saúde da comunidade. A vendas dos exemplares é revertida para compra de itens de higiene e máscaras, como explica o escritor.

Sonora: “Aqui é uma comunidade carente, uma comunidade em que nem todos tem condições conseguir manter diariamente ou rotineiramente, esses kits de higiene, né. Com este projeto, eu consegui estender já por dois meses, entregando kits. E aí, estou com a parceria que consiga entregar também em outubro.”

O livro de Tiago, que nasceu na Terra Indígena Araribá, localizada no município de Avaí, interior de São Paulo, vai agora pra sua segunda edição. Quem compra ajuda a proteger a vida e o legado da comunidade indígena.

Sonora: “Hoje é uma aldeia que luta pelo fortalecimento da cultura guarani nhandewa, suas tradições, suas línguas e agora lutando pela vida também, mais uma vez. Nós até passamos uma vez por epidemias, também pandemias, que foi a da gripe espanhola, quase um século atrás, que dizimou muitos guaranis aqui na época. Então, dessa vez, estamos aí lutando contra uma nova pandemia.”

A venda do livro é feita diretamente pelas redes sociais do escritor Tiago Nhandewa, que se escreve n-h-a-n-d-e-w-a.