Até abril quem passar pelo Rio de Janeiro vai poder fazer gratuitamente uma visita guiada pelos principais marcos históricos do período mais intenso da escravidão no país, na região que ficou conhecida como Pequena África, na zona portuária da cidade.
A programação especial marca os 26 anos da descoberta do sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, onde eram depositados os corpos de negros escravizados vindos do continente africano, que não resistiam à viagem ou morriam logo após a chegada dos navios na Baía de Guanabara, antes de serem vendidos.
Estão programadas mais de 30 visitas guiadas no Circuito Histórico de Herança Africana, criado a partir da descoberta desse marco para fortalecer a memória desses tempos sombrios, como explica o historiador do Instituto Pretos Novos, Cláudio Honorato. Segundo ele, a ação reforça a importância da memória dos ancestrais africanos escravizados no Brasil.
O percurso de cerca de 2 km é feito em duas horas e passa por doze locais que guardam parte dessa memória. Entre os pontos marcantes, está o Cais do Valongo, considerado principal porto de entrada de milhares de africanos escravizados no Brasil e nas Américas. Desativado em 1831, foi redescoberto em 2011 durante obras de revitalização na região. Em 2017 recebeu o titulo de Patrimônio da Humanidade, concedido pela UNESCO.
A Pedra do Sal, local de desembarque de carregamentos da especiaria dos navios que atracavam no porto, é outra atração. Nela foi entalhada uma escadaria de acesso ao Morro da Conceição, e atualmente abriga uma das mais animadas rodas de samba do Rio.
O percurso termina no Cemitério dos Pretos Novos, que funcionou de 1772 a 1830. O sítio arqueológico foi redescoberto em 08 de janeiro de 1996 durante obras na residência da família Guimarães dos Anjos. O local se tornou uma das principais provas materiais da barbárie ocorrida no período mais intenso do tráfico de seres humanos no país.
As inscrições para fazer a visita guiada podem ser feitas no site do Instituto Pretos Novos. Ao longo do mês de janeiro o Instituto também oferece capacitação para guias de turismo interessados em aprender todos os detalhes sobre o circuito da Herança Africana.