Violência contra a mulher aumentou no Brasil, com 13 vítimas por dia

Levantamento da Rede de Observatórios da Segurança apontou o avanço da violência contra a mulher. Segundo a pesquisa “Elas Vivem: um caminho de luta”, a cada 24 horas, em média, 13 mulheres foram vítimas de algum tipo de violência no ano passado. O levantamento se refere a nove estados monitorados pela entidade.
O número de casos cresceu mais de 12% em relação a 2023. Foram mais de 4 mil ocorrências, sendo 531 feminicídios, apenas nesses estados.
O Amazonas, que aparece pela primeira vez no monitoramento, registrou 604 casos, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Foram 33 feminicídios, 15 deles por parceiros ou ex-parceiros. No caso da violência sexual, 80%das vítimas tinham de 0 a 17 anos.
A pesquisadora da Rede de Observatórios da Segurança, Tayná Boaes, avalia que, no caso específico do Amazonas, há questões geográficas que dificultam o acesso aos mecanismos oficiais de proteção.
"O Amazonas, ele tem uma particularidade de ser uma região é geográfica complexa. Então, é um cenário gravado aí pelas dificuldades logísticas para acessar delegacias e perícias especializadas, centralizadas na capital do estado, né, Manaus. Além disso, nós temos uns aspectos culturais e socioeconômicos que estimulam esse panorama, né? Então, nós ainda temos uma normalização, um silenciamento".
Ainda segundo ela, o alto índice de violência contra a mulher assume múltiplas formas.
"Além disso, o próprio imaginário social ainda é muito alimentado pela objetificação e de poder sobre corpos de mulheres e meninas que são cotidianamente submetidas a condições de vulnerabilidade em relação de diferentes ordens, né? Então seja uma relação de parentesco, seja uma relação íntima".
O estado do Rio de Janeiro mantém a violência de gênero em patamares preocupantes e crescentes. Segundo a pesquisa, foi mais de uma centena de casos de violência sexual, como estupro. Para a pesquisadora da Rede de Observatórios, os casos cotidianos no estado contribuem para potencializar outras formas de violência.
"O Rio já é um estado extremamente belicista, mas que também mostra sua face nos crimes contra a mulher, principalmente nas violências praticadas por agentes do estado contra mulheres. Um número discrepante em relação aos outros estados. E aqui cabe um parêntese, essas violências, elas não são especificamente casos de violência física ou violência sexual cometida por parceiros ou namorados. Mas também há situações em que mulheres sofrem nas mãos de agentes do estado, sem nem conhecê-los".
Além do Amazonas, Rio e São Paulo, o levantamento abrangeu os estados do Pará, Piauí, Maranhão, Bahia, Ceará e Pernambuco. Os dados completos da pesquisa podem ser conferidos no site observatorioseguranca.com.br.





