Lucio Costa, 120 anos e 11 mil documentos na web

Há 120 anos, no dia 27 de fevereiro de 1902, nascia o arquiteto cujo traço simples emoldura o céu da capital do Brasil: Lucio Costa. É dele o projeto de construção de Brasília, que trouxe a proposta de erguer uma cidade no formato de um avião.  

Depois que Lucio Costa morreu, em 1998, a família do homem que planejou Brasília abraçou um desafio: garantir a preservação da memória do artista que fez história. No apartamento em que ele vivia, havia uma imensidão de papéis, cartas, imagens, vídeos, documentos raros e históricos.

Entre eles, o projeto urbanístico para a nova capital. a neta de Lucio Costa, Julieta Sobral, lembra que essa papelada foi encontrada em um local inusitado. “Estava embaixo de uma escada. Podia ter ido para o lixo se a gente não tivesse guardado”, disse.

Por 22 anos, a família conseguiu catalogar tudo o que havia naquele apartamento. Montou um acervo de 11 mil documentos, que, por um tempo, ficou aos cuidados do Instituto Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Mas materiais tão antigos precisavam de tratamento especial, e, por isso, tudo foi para a Casa de Arquitectura, em Portugal, que fez um trabalho de recuperação do que estava à beira de ser perdido. Segundo o diretor da Casa de Arquitectura, Nuno Sampaio, foi o amor da família que salvou os arquivos.

A partir do dia 13 de maio, o público poderá mergulhar na história construída por Lucio Costa: todos estes materiais estão sendo digitalizados e estarão disponíveis na internet, gratuitamente. É a possibilidade de entender a genialidade por trás deste homem idealista, como explica o professor de arquitetura e urbanismo, Frederico Flósculo. 

Para pesquisadores, a obra de Lucio Costa precisa ser estudada e reconhecida. A professora de arquitetura Ludmila Correia reforça o caráter visionário e idealista das criações dele.

Diante de uma produção tão extensa, materializada em Brasília e pelo país inteiro, os traços de Lucio Costa formam mais do que um conjunto arquitetônico com a sua assinatura. Eles saíram do papel para se tornar cenários da vida real, de todos os dias. Parece concreto, mas também é sonho.