Há 120 anos nascia o rouxinol brasileiro. Balduína de Oliveira Sayão, a Bidú Sayão, nasceu em 1902 no Rio de Janeiro, mas foi no teatro Metropolitan, nos Estados Unidos, que ela se consagrou como uma das maiores vozes da ópera mundial. Para o biógrafo da cantora, o escritor Denis Daniel, ela foi a maior de todos os tempos.
Os pesquisadores explicam que Bidú tinha uma voz pequena, delicada, mas com potência, emoção e muita técnica.
Por conta das dificuldades de construir carreira no Brasil, como explica Marcos Menescal, da Diretoria Artística do Theatro do Rio, a cantora foi para a Europa ainda aos 16 anos com a soprano ítalo-romena Elena Theodorini. Durante anos, carregou o título de antipatriota e chegou a ser vaiada em vindas ao Brasil.
Mas um episódio mudou os rumos dessa história. Em 1995, aos 92 anos, Bidú foi ovacionada por milhares de brasileiros. Mas não foi na ópera, e sim no Sambódromo do Rio de Janeiro, quando foi homenageada pela Beija-Flor de Nilópolis.
Foi de mãos dadas com o sambista Milton Cunha, que Bidú brilhou no carro alegórico Cisne Negro. O desfile teve o enredo “Bidú Sayão e o Canto de Cristal”. Foi o adeus da artista ao país dela.
Até receber o convite do sambista, ela acreditava que não teria outra oportunidade de ir ao Brasil antes de morrer. Milton Cunha narra momentos do último carnaval da estrela da ópera.
Bidú levou a ópera ao sambódromo e o palco do teatro às ruas. Em turnê de norte a sul do Brasil, ela cantou em cinemas, praças, barcos e onde pudesse fazer sua voz ser ouvida.
Bidú morreu em 1999, aos 96 anos, no Estado de Maine, nos Estados Unidos. A voz da artista está imortalizada na obra Bachiana Brasileira n. 5, de Heitor Villa-Lobos, e na história da ópera mundial.
*com supervisão de Luiz Cláudio Ferreira