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Cultura

Cem anos do rádio no Brasil: a Rádio Tupi

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Rádio MEC
03/08/2022 - 11:01
Rio de Janeiro

Pensada inicialmente para ocupar uma posição no dial de São Paulo, a Rádio Tupi foi fundada em setembro de 1934, no Rio de Janeiro, sob o prefixo PRG-3.  

A estação foi a primeira emissora de rádio dos Diários Associados, a cadeia de jornais impressos de Assis Chateaubriand, que também criou o slogan da nova estação: “o cacique do rádio”.

Suas instalações, que contavam com cinco salas amplas, além de um estúdio especial para orquestras, corais e bandas de música, inicialmente ficavam no bairro do Santo Cristo.

Um ano depois de sua fundação, em setembro de 1935, ocorreu a primeira transmissão da Rádio Tupi com a execução do hino nacional, sob a regência de Heitor Villa-Lobos.  

Captada de Pernambuco a Porto Alegre, a emissão contou ainda com a participação de cantoras e orquestras, inclusive a Orquestra Tupi sob a regência de Leônidas Autuori, além do Conjunto Benedito Lacerda e da dupla Preto e Branco formada por Herivelto Martins e Francisco Sena.

A inauguração oficial ocorreu alguns dias após a primeira transmissão, e o italiano Guglielmo Marconi, inventor do rádio, foi recebido como convidado especial de Assis Chateaubriand, com honras de chefe de estado.

Na ocasião, o escritor Mário de Andrade liderou uma delegação de artistas de São Paulo, composta pela pianista Antonieta Rudge, pelo violinista Zlatopolski e pelo tenor Cândido Botelho que interpretou a Aquarela do Brasil de Ary Barroso.

A escolha do nome da emissora lembrava o sentido nacional do empreendimento e a gravação do prefixo da rádio PRG-3 contou com a participação de indígenas do povo Parecí, sob a direção de Lucília Villa-Lobos.

O sucesso da Rádio Tupi no Rio de Janeiro foi tão grande que logo Chateaubriand colocou em prática o plano de implantá-la também em terras paulistas. 

O rádio-teatro da Tupi também foi muito importante. Artistas como Paulo Gracindo, Orlando Drummond, Lourdes Mayer, Ida Gomes, Heloísa Helena e Rodolfo Mayer foram contratados ou cresceram nos estúdios da emissora.

“O cacique do ar” também trouxe para as ondas do rádio brasileiro toda uma geração de bons humoristas, como Ema D’ávila, Silvino Neto, Avalone Filho, Nádia Maria.

Graças à experiência dos Diários Associados com jornais impressos, a Rádio Tupi possuía uma equipe de redatores especializados, repórteres e uma agência de notícias.

Também foi a primeira emissora a criar uma edição dos jornais falados, com manchetes, seções, separações musicais e sonoplastia. 

O Grande Jornal Falado Tupi introduziu novas formas de tratamento à notícia, como a utilização de frases curtas e cuidados com a entonação da fala dos locutores. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, Carlos Frias também apresentou o programa Caleidoscópio que tinha como objetivo conquistar a simpatia do brasileiro para a causa dos países aliados contra o eixo.

E o programa Boletim da Guerra, da Tupi, também concorria com o Repórter Esso que era emitido pela Rádio Nacional.

Em 1949, os estúdios da Rádio Tupi foram atingidos por um incêndio de grandes proporções e muitos arquivos musicais da emissora foram perdidos. Suas transmissões passaram a ser temporariamente irradiadas do estúdio da Rádio Guanabara.

Durante a Copa do Mundo de 1950,  depois de uma extensa reforma, a PRG-3 inaugurou o maior estúdio da América Latina, que ficou conhecido como o “Maracanã dos auditórios”.

O auditório tinha capacidade para 1.500 pessoas e ficava no último andar da rádio, que então já funcionava na rua Venezuela .

A Rádio Tupi contava ainda com três estúdios, três orquestras, dois conjuntos regionais e um enorme quadro de artistas e locutores. Foi, também, a última emissora a irradiar o programa de Ademar Casé.

Alguns dos programas mais famosos das décadas de 1940 e 1950 foram os humorísticos Chez Badoux  e Cine-Grátis, Toque Maestro e Rua da Alegria que foram programas de auditório apresentados por Antônio Maria, Onde está o Poeta? E Incrível, Fantástico, Extraordinário, criados por Almirante e Calouros em Desfile, apresentado por Ary Barroso.

As novelas também ocuparam posição de destaque na programação da Rádio Tupi.

Nas décadas de 1970 e 1980, os melhores índices de audiência da rádio ficaram a cargo dos programas liderados por comunicadores como Paulo Barbosa, Paulo Lopes e Cidinha Campos.

Em 1996, o programa de maior sucesso na Rádio Tupi ainda era o Patrulha da Cidade, noticiário policial dramatizado, apresentado ao meio-dia.

Como parte das comemorações dos seus 70 anos, em 2005, a Rádio Tupi comprou o primeiro transmissor digital do Brasil  e criou seu centro de documentação, que passou a digitalizar o arquivo da emissora com o objetivo de resgatar e preservar sua memória.

A super Rádio Tupi continua líder de audiência, está presente na internet e nos 96.5 megahertz da frequência modulada, com cobertura na cidade do Rio de Janeiro e em 17 municípios da grande Rio.

Cem anos em 100 programas

100 anos rádio no Brasil
100 anos rádio no Brasil - Arte EBC

Até 7 de setembro, a Rádio MEC vai produzir e transmitir, diariamente, interprogramas com entrevistas e pesquisas de acervo sobre diversos aspectos históricos relacionados ao veículo.

A ideia é resgatar personalidades, programas e emissoras marcantes presentes na memória afetiva dos ouvintes. Acompanhe na Radioagência.

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