Quadrilha junina: símbolo da força criativa e tradição nordestinas
“Vem viver essa grande emoção, por isso que eu canto e encanto São João!”.
Quem puxa o coro que vocês acabaram de ouvir, saudando o santo João, é Gustavo Florêncio, diretor artístico e ator da Pioneiros da Roça, desde 2010. Com 43 anos de história, a quadrilha junina de Aracaju é a prova de que, para quem brinca São João, não tem como falar do mês mais querido dos nordestinos sem falar das quadrilhas juninas.
Da Bahia ao Maranhão, o que não faltam são nomes criativos que batizam os grupos. Estrela do Sertão, Luar de Santo Antônio, Asa Branca, Maracangaia, Penerou Xerém.
As apresentações das quadrilhas nordestinas duram de 25 a 30 minutos. Entre integrantes e corpo de baile, algumas chegam a ter 200 componentes.
A pernambucana Marília Oliveira é quadrilheira desde os seis anos. Na Raio de Sol, quadrilha de Olinda onde dança há dez anos, ela já foi matuta, violeira, cangaceira. Este ano, com doze fileiras de quatro pares de dançarinos, Marília faz a personagem Catirina.
Nos ensaios intensos e nas apresentações que lotam a agenda de junho, o que não pode faltar é xote, baião, xaxado, ciranda, coco e até cavalo-marinho. Entre anarriês e alavantús, “olha a chuva”, “é mentira!”, Marília já ensina a tradição ao filho Vicente, de três anos.
Fã de quadrilha junina, a sergipana Euler Lopes é uma das que não perde as apresentações nos arraiás. Dramaturga formada pela Universidade Federal de Sergipe, Euler avalia que os temas, os figurinos, os cenários e todo o repertório trazidos pelas quadrilhas juninas têm se atualizado e discutido temas contemporâneos.
Até o fim de junho, os principais arraias de Campina Grande, Caruaru, Recife e Aracaju terão festivais e apresentações de quadrilhas juninas. É só acompanhar a programação da sua cidade e cair na folia do arrasta-pé. Como a gente diz lá no meu Nordeste: e viva São João!