O pirata de Curitiba: capital abrigou corsário inglês por 60 anos

Publicado em 13/07/2024 - 10:00 Por Gabriel Brum, repórter da Rádio Nacional - Brasília

Um jovem aristocrata britânico que desertou da Marinha e se tornou um dos últimos capitães piratas do século dezenove. Essa é a história de Zulmiro, o pirata de Curitiba. Zulmiro nasceu em 1798 num castelo na cidade Cork, na Irlanda. O nome verdadeiro era John Francis Hodder. De família rica, ele estudou na Eton College, escola elitista onde o príncipe William também estudou.
 
John Francis era um oficial da Marinha Britânica. Numa briga, acabou matando um superior e fugiu. Ele embarcou num navio negreiro, em 1825, na Flórida, como conta o historiador Marcos Juliano Ofenbock, responsável por comprovar a existência do pirata britânico.
 
“E dentro do navio negreiro ele faz um motim dentro da embarcação, mata o capitão do navio e assume o comando do navio. E daí vem um detalhe: ele abandona o nome verdadeiro dele e adota o nome de guerra de Zulmiro. E começa a falar que era um pirata grego. Porque Zulmiro é um nome da região ali do Mediterrâneo, é um nome grego. E agora com essa nova identidade de Zulmiro, o grego, ele desce pro Atlântico Sul praticar pirataria.”
 
Zulmiro chegou ao Brasil após ser capturado por um navio de guerra inglês no Oceano Atlântico. Um amigo da época da escola naval o ajudou a escapar pelo litoral do Paraná. Em Curitiba, onde viveu por sessenta anos, John Francis virou João Francisco e adotou o sobrenome Inglez, com Z. Ele casou com uma escrava, Rita Maria, e teve quatro filhos. Zulmiro morreu em 1889, de acordo com certidão de óbito.
 
Um dos filhos é Joaquim, tataravô de Adriano Inglez, um comerciante de 49 anos, de Bocaiuva do Sul. Adriano conta que a família só foi acreditar pra valer na história quando viu a confirmação pela Prefeitura de Curitiba.
 
“Aí sim, pessoal. Opa, é uma verdadeira mesmo. Aí quando o Márcio pegou e juntou as duas histórias e percebeu que as histórias elas casavam, aí sim. Aí o pessoal falou “é verdade mesmo”. É a nossa história, se lembra ou não, é a nossa história.”
 
Em 1821, um navio espanhol que levava tesouros roubados da Catedral de Lima, no Peru, para a Espanha, foi atacado por um bando pirata. Considerado um dos maiores roubos piratas, diz o historiador Marcos Juliano.
 
“E esses piratas escolheram esse tesouro na ilha da Trindade (foto), que é uma ilha vulcânica, localizada mais ou menos um terço do caminho do Brasil para a África. E o Zulmiro, depois que ele se tornou um pirata, ele veio a ser líder desse bando pirata que fez esse roubo da Catedral de Lima. Então realmente, é um dos maiores tesouros piratas do mundo que está escondido em uma ilha brasileira.”
 
Marcos conta que esse caso do tesouro enterrado é inspiração para livros clássicos, como o “Conde do Monte Cristo”, e populares sobre piratas.
 
“Até mesmo o Capitão Gancho, do Peter Pan, ele estudou na escola de Eton College e eu encontrei a conexão, a história do Zumbiro ter estudado em Eton College foi a inspiração para o autor James Mathew Barrie criar o personagem do Capitão Gancho. Então é muito legal saber que o Brasil agora está no epicentro da maior história de tesouros e piratas do mundo.”
 
Curitiba sempre teve uma lenda de um pirata que teria escondido ouro em túneis na cidade. Agora, confirmada com documentos, a Sociedade Britânica do Paraná instalou uma placa azul na cidade, a única da América Latina. O item marca locais importantes da história da Inglaterra. Agora só falta achar o tesouro, e para isso Marcos Juliano prepara uma expedição até a Ilha da Trindade (foto) para encontrar a última peça dessa história.

Edição: Samia Mendes / Rilton Pimentel

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