Cadê as digitais das mulheres nos acervos da Fundação Joaquim Nabuco? Para responder a essa pergunta e também ajudar a materializar a resposta, a instituição abriu, nesta quinta-feira (15), no Museu do Homem do Nordeste, em Recife, Pernambuco, a exposição “Elas: onde estão as mulheres nos acervos da Fundaj?”. 
Cerca de 300 itens produzidos ou reunidos por mulheres, como publicações, vídeos, fotografias, obras de arte, discos, rótulos comerciais, cartões-postais e outras peças preservadas foram catalogadas para trazer luz sobre a contribuição feminina que compõe o acervo. Dos mais de 800 mil documentos e itens preservados pela Fundação, apenas uma pequena parte foi produzida por mulheres. Além disso, quando representadas, elas foram fotografadas, pintadas, desenhadas, esculpidas e descritas quase sempre por olhares masculinos, como destaca Silvia Barreto, uma das curadoras da exposição. Para ela, a mostra é um painel, que pretende discutir que memória das mulheres vem sendo guardada e preservada ao longo desses 75 anos de fundação Joaquim Nabuco.
“Um acervo construído ao longo de décadas, vai sempre refletir os valores predominantes na sociedade a cada momento. Olhando para o passado, a gente vai reconstruindo essa história, que privou, encobriu, silenciou, o protagonismo feminino. Mas isso para discutir o hoje. Como ainda estereótipos e preconceitos reproduzem diferentes tipos de violência simbólica e física contra corpos e mentes de mulheres”.
A presidente da Fundação Joaquim Nabuco, a professora Márcia Aguiar, concorda com a curadoria sobre o papel da exposição em revisar e resgatar o papel da mulher na sociedade.
“Representa um exercício de autocrítica institucional, mas que essa autocrítica, ela é autocrítica, não só de um equipamento, do que diz respeito ao equipamento cultural, a postura da própria Fundação Joaquim Nabuco ao longo dos anos, no tocante às mulheres, mas uma crítica própria sociedade, que deixou em segundo plano as mulheres durante tantas décadas”.
A exposição “Elas” ficará aberta ao público de terça à domingo no Museu do Homem do Nordeste, que fica no bairro Casa Forte, no Recife.
* Com sonoplastia de Jailton Sodré
