Mulheres vítimas de violência obstétrica no Rio de Janeiro contam com um canal de denúncias na internet. O portal, criado pela Associação de Doulas do Estado, em parceria com a Defensoria Pública, reúne informações qualificadas sobre o assunto e um formulário para que a mulher faça seu relato.
As duas instituições também assinaram um protocolo de cooperação, nessa terça-feira (3), e lançaram a cartilha Gestação, Parto e Puerpério, com o objetivo de promover capacitação técnica, difundir informação e acompanhar as demandas jurídicas.
Cerca de 5 mil exemplares da cartilha serão distribuídos em unidades básicas de saúde do Estado.
Um estudo de 2010, realizado pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc, revela que uma em cada quatro brasileiras já sofreu algum tipo de violência durante o parto.
Segundo a presidente da Associação de Doulas, Morgana Eneile, muitas mulheres sequer entendem que sofrem ou sofreram violência obstétrica porque existe uma espécie de naturalização das violações, agressões e o processo de tomada de consciência do fato é doloroso.
Eneile afirma também que as violações não dizem respeito apenas a um profissional específico, como o médico.
Segundo a coordenadora do Nudem, o Núcleo de Defesa dos Direito da Mulher Vítima de Violência de Gênero, Flávia Nascimento, o racismo institucional deixa as mulheres pobres e negras mais vulneráveis a sofrer violencia obstétrica.
Os dados gerados pelo portal serão catalogados e suas informações poderão servir para orientar políticas públicas de enfrentamento do problema, como afirma o defensor público geral, Rodrigo Pacheco.
Para registrar as situações de violência obstétrica é importante que a mulher reúna a maior quantidade de informações, como dados sobre a equipe que fez o atendimento, dados do prontuário, do cartão do pré-natal e dispor de possíveis testemunhas.
Os relatos serão enviados e analisados pelo Núcleo de Defesa dos Direito da Mulher Vítima de Violência de Gênero da Defensoria Pública do Estado.