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Direitos Humanos

Após 3 anos da morte de jovens, policiais do RJ não sofreram punição

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Fabiana Sampaio - Repórter da Rádio Nacional
12/11/2021 - 21:50
Rio de Janeiro

Há mais de três anos sem conclusão das investigações, mães cobram Justiça para a mortes dos filhos durante uma ação da Polícia Militar, em uma comunidade do município de São João de Meriti, na baixada fluminense.

No dia 18 de junho de 2018, os amigos Victor Hugo de Jesus, de 17 anos, e Vitor Oliveira de Souza, de 18, estavam em uma motocicleta na Vila São João, onde moravam. Sem carteira de habilitação, eles teriam desobedecido a ordem de parar de agentes do 21º Batalhão da PM. 

Houve uma perseguição, que terminou com os dois jovens mortos a tiros. Até hoje (12), as investigações se arrastam na Delegacia de Homicídios da Baixada.  

Ilsimar de Jesus, mãe de Victor Hugo, conta que vive sob o impacto da tragédia, com saúde abalada, sem poder trabalhar. Ela cobra do Estado ação de reparação e ajuda para tratamento médico e psicológico. Ilsimar acusa o poder público de descaso.

A advogada Glícia Dantas, que atua na ação indenizatória da família de Victor Hugo, confirma que o governo do estado do Rio vem negando responsabilidades no crime e não oferece a assistência que Ilsimar precisa.

Também a mãe de Vitor Oliveira, Elisabete Oliveira, relata que a família sofre com problemas de saúde, agravados após a morte violenta do filho. Ela perdeu o marido recentemente e segue na luta por justiça e reparação.

De acordo com a Defensoria Pública, um parecer elaborado por um perito autônomo do Ministério Público descontrói a versão dos agentes envolvidos na abordagem aos dois jovens, de que apenas um tiro teria atingido o primeiro rapaz e por fatalidade matado o segundo. 

A defensora pública Maria Julia Miranda informou que a Defensoria pediu a reprodução simulada dos fatos. Ela reclama da morosidade nas investigações e esclarece o papel da Defensoria.

Os agentes envolvidos na ação não sofreram qualquer sanção e seguem trabalhando em suas unidades de lotação, de acordo com nota da PM.

A corporação informou que o Inquérito Policial Militar instaurado em 2018 foi concluído e remetido ao Ministério Público em maio de 2019. A investigação interna apontou indícios de crime de competência da Justiça Comum.

A Polícia Civil e o Governo do Estado foram procurados, mas não responderam à reportagem. O MP também foi questionado sobre a atuação no caso e não se manifestou. 

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