Quilombos de SP querem doar alimentos a quem tem fome na capital
Os alimentos produzidos pelos quilombos do Vale do Ribeira, no sul de São Paulo, podem ser doados para comunidades de baixa renda da periferia da capital paulista.
Para isso acontecer, uma vaquinha virtual tenta arrecadar R$ 50 mil para comprar 10 toneladas de alimentos produzidos em roças quilombolas que vão ser entregues às famílias da Favela São Remo, na zona oeste da capital.
A campanha nasceu de uma parceria entre o Museu Afro Brasil e a Cooperquivale, a cooperativa dos quilombos do Vale do Ribeira.
Uma das principais fontes de renda da cooperativa era o fornecimento de merenda escolar. Com a suspensão das aulas, os quilombolas tiveram muito prejuízo.
A saída foi firmar parcerias com a sociedade civil. Antes do Museu Afro Brasil, os quilombolas já tinham se unido à Coalização Negra por Direitos na campanha Tem Gente Com Fome. Desde maio de 2020 já foram doadas mais de 350 toneladas de alimentos.
Para Zeni Florindo dos Santos, do quilombo Ivaporunduva, seu trabalho ganhou ainda mais importância. Segundo ela, o plantio deixou de ser para subsistência e passou a ajudar famílias inteiras.
O Vale do Ribeira concentra o maior número de comunidades remanescentes de quilombos do estado de São Paulo e é nesse território que são cultivados mais de 70 alimentos diferentes como banana, abóbora, feijão, batata doce, etc, num sistema de produção que já foi reconhecido como patrimônio imaterial brasileiro pelo IPHAN.
Tecnologia que Adan Pereira, do quilombo Sapatu, explica como funciona. Segundo ele, a lavoura não destrói a floresta, garantindo a diversidade de produtos numa mesma área, o que diferencia-se da monocultura de grandes fazendas.
Quem quiser participar da campanha pode fazer sua doação pelo site benfeitoria.com, no projeto Dos Quilombos às Periferias: resistência contra fome. As doações a partir de R$ 20 podem ser feitas até o dia 9 de janeiro.
No Brasil, cerca de 19 milhões de pessoas estão passando fome, de acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar.