FSM: proposta pede incentivo federal a cozinhas e hortas comunitárias
Todas as pessoas do planeta, sejam mulheres ou homens, idosos ou crianças, pobres ou ricos, progressistas ou conservadores, socialistas ou capitalistas, negros, brancos ou indígenas, dependem da natureza para sobreviver. E se não formos todos “sustentabilistas” imediatamente, a natureza vai entrar em um ponto de não retorno que pode significar a extinção da espécie humana.
Com palavras como essas, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi ovacionada no Fórum Social Mundial. Ela participou da mesa Fortalecer a Terra, Alimentar o Brasil.
A ministra destacou que a questão ambiental é a base para qualquer projeto de desenvolvimento econômico.
“Não existe nenhuma atividade econômica que não parte da base natural do desenvolvimento. No caso da segurança alimentar, nós precisamos de terra fértil, nós precisamos de água, nós precisamos dar suporte, de assistência técnica e acesso à terra para os produtores”, afirmou Marina.
A ministra ressaltou o paradoxo que é o Brasil ser um grande exportador mundial de grãos e alimentos enquanto 33 milhões de pessoas passam fome e 25 milhões estão em situação de insegurança alimentar no país.
O presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul (Consea-RS), Juliano Sá, acrescentou que o mundo passa por três crises paradoxais e relacionadas atualmente. A crise ambiental e climática, causada pela destruição do meio ambiente, e os problemas da fome e da obesidade. A fome, segundo ele, é uma questão política, enquanto a obesidade surge porque as pessoas “comem mal”.
Ele entregou à ministra uma proposta para que locais como hortas e cozinhas comunitárias, que tiveram papel fundamental no combate à fome durante a pandemia de covid-19, sejam transformadas em Pontos de Soberania Alimentar e Nutricional, a exemplo dos Pontos de Cultura, que receberam fomento do governo federal.
O biólogo Victor Marques, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), apresentou o conceito de ecologia com luta de classes. De acordo com ele, é necessário adotar a estratégia do “ambientalismo popular”, com uma ecologia feita para os 99%.
“É necessário conectar a pauta ambiental com os interesses materiais da vasta maioria da população, que vive do trabalho. Ou seja, é necessário conectar o problema do fim do mundo com o problema do fim do mês”.