Nos últimos 10 anos, Minas Gerais e Bahia são os dois estados de onde mais saem pessoas resgatadas em situação de trabalho semelhante à escravidão no Brasil. As informações são do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo, e mostram que, nesse período, mineiros e baianos somam mais de 3.600 pessoas. Em terceiro lugar, aparece o estado do Maranhão como o local de origem de muitos casos.
De acordo com Lys Sobral Cardoso, coordenadora nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho, a origem dos trabalhadores está relacionada tanto às condições socioeconômicas do Estado de origem, quanto à fiscalização trabalhista.
Ao longo dos anos, o Observatório registrou uma pequena mudança dos principais Estados de origem dos trabalhadores em comparação à década anterior. Entre 2003 e 2011, a maioria absoluta dos trabalhadores resgatados eram maranhenses. Naquele período, foram mais de 7 mil casos, ou seja, mais de três vezes o segundo lugar no ranking daquela época, o Pará.
Em relação ao total de resgates realizados no país, uma tendência de queda foi quebrada nos últimos cinco anos. Desde 2017, o número de trabalhadores resgatados triplicou, chegando a quase 2 mil pessoas anualmente.
Entre os resgates que mais chamaram atenção do Ministério do Trabalho no ano passado, estão 11 maranhenses localizados em duas fazendas no Mato Grosso. Eles preparavam o solo para o plantio de soja em jornadas superiores a 14 horas diárias. De acordo com auditores-fiscais, as vítimas ficavam alojadas na mata, em barracos feitos de galhos, dentro de um galinheiro, ou dormindo em um curral, ao lado das fezes dos animais.