Homens que denunciaram trabalho escravo no RS contam o que sofreram
Comida ruim e fria, água suja, violência, frio e doenças. Essa era a realidade diária dos trabalhadores baianos resgatados em condição semelhante à escravidão e que prestavam serviço para vinícolas de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
Três homens, que escaparam e fizeram a denúncia que gerou a operação de resgate, falaram a um podcast da Defensoria Pública da Bahia. Por segurança, os nomes reais não foram usados.
Um deles, de 31 anos, conta que a promessa de emprego era de R$ 3 mil em 45 dias. As regras de convivências eram baseadas em multas e se a pessoa faltasse um dia, perdia o direito à passagem de volta para casa. O alojamento era apertado e tinha infiltração no teto. A água chegava a encharcar a cama dos trabalhadores.
O trabalhador que liderou a fuga conta que fez um vídeo mostrando as condições precárias. A resposta do empregador foi violência, spray de pimenta, choque e ameaças de morte. Foi aí que ele e mais dois colegas decidiram que era hora de fugir.
Na madrugada, outro trabalhador, que ouviu as agressões, criou coragem para escapar de lá.
Os homens conseguiram ir até Caxias do Sul, onde denunciaram a situação à Polícia Rodoviária Federal. Aí surgiu a operação que resgatou mais de 200 homens em situação análoga à escravidão. Eles eram contratados pela empresa terceirizada Fênix Serviços Administrativos, que atuava nas grandes vinícolas de produção de vinhos nacionais na serra gaúcha.
*Matéria atualizada às 10h45 do dia 29/03 para correção de informação.