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Direitos Humanos

Rede Brasileira de Mulheres Cientistas lança campanha contra assédio

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Carolina Pessoa - Repórter da Rádio Nacional
27/06/2023 - 13:05
Rio de Janeiro

Casos de assédio em universidade e institutos de ensino superior têm preocupado a comunidade científica. Para estimular o debate sobre o tema, a Rede Brasileira de Mulheres Cientistas está lançando neste mês de junho a campanha nacional #AssédioZero, com diversas atividades de conscientização.  

De acordo com a Rede, várias pesquisas apontam a recorrência alarmante do assédio no ambiente acadêmico e a falta de mecanismos dentro destes espaços para coibir a prática.  

Entre as atividades programadas pela campanha, a Rede vai realizar uma série de lives com pesquisadoras convidadas. A ação é resultado do trabalho coletivo da Rede, impulsionada pela denúncia de três pesquisadoras no texto As paredes falavam quando ninguém falava – Notas autoetnográficas sobre o controle do poder sexual na academia de vanguarda, publicado em uma coletânea em março deste ano.  

Em pesquisa realizada pelo Data Popular e Instituto Avon, em 2015, com 1.823 universitários, 67% das estudantes afirmaram ter sofrido violência sexual, psicológica, moral ou física praticada por um homem em instituições de ensino superior.  

De acordo com Patricia Valim, pesquisadora da Universidade Federal da Bahia e integrante da rede, as mulheres devem denunciar imediatamente este tipo de situação.  

“A mulher que sofreu algum tipo de assédio no ambiente acadêmico precisa encaminhar, formalizar sua denúncia nas ouvidorias. Cada universidade pública e instituto técnico federal tem uma ouvidoria. A luta da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas é para que haja uma ouvidoria feminina, como a gente tem experiência bastante bem-sucedida na UFOP, a Universidade Federal de Ouro Preto, muito em razão do fato de que a reitora é uma mulher”.  

Patrícia também destaca que um caminho importante no combate ao assédio é que esses espaços de decisão tenham quantidades semelhantes de homens e mulheres.  

“O número de homens e mulheres desses órgãos precisa ser paritário. Não dá mais para que tenhamos apenas reitores homens, pró-reitores, uma administração universitária composta predominantemente por homens”.  

A primeira live da campanha #AssédioZero acontece nesta terça-feira (27), às19h30, com transmissão no perfil oficial da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas no Instagram. Na mesa, as pesquisadoras Valeska Zanello, da UNB, e Heloísa Buarque de Almeida, da USP abordam o tema Pelo fim da cultura do assédio no ambiente acadêmico, com mediação de Patrícia Valim, da UFBA.  

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