A diferença de remuneração salarial média entre brancos e negros pode chegar a R$ 2 mil. É o que releva o Mapa da Desigualdade 2023, da Casa Fluminense, que analisou os 22 municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro.
De acordo com o estudo, em 21 deles, brancos ganham mais que negros. As cidades com as maiores diferenças são Japeri, onde brancos ganham R$ 1 mil a mais, e Rio de Janeiro, com R$ 2 mil a mais.
A pesquisa analisa também questões relativas a justiça econômica, racial, de gênero e climática.
A quantidade de mulheres negras na pobreza e extrema pobreza é outro dado que chama a atenção. Na região metropolitana, são 2,2 milhões de mulheres nestas situações. Em 14 municípios, o percentual é superior a 70%.
Além disso, as pessoas negras compõem a maioria dos 4.415 casos de pessoas internadas em 2022 por doenças de veiculação hídrica como: cólera, febre tifoide, leptospirose e diarreia.
Outro dado relevante, é a idade com a qual brancos e negros morrem. Nas cidades de Niterói, Petrópolis, Rio de Janeiro e Tanguá a população negra morre, em média, 10 anos mais cedo do que a população branca. A maior diferença entre elas é na cidade de Niterói, onde as pessoas brancas morrem com 76 anos em média e as negras com 65 anos.
Cláudia Cruz, coordenadora de informações da Casa Fluminense, destaca que esse resultado reflete o grande racismo persistente na sociedade.
“Nós podemos dizer que existe muito racismo na região metropolitana. As mulheres negras são as mais vulnerabilizadas dentre os vulneráveis. As mulheres negras historicamente estão na base da pirâmide social”
O estudo traz outros dados que revelam grandes desigualdades sociais na região metropolitana do Rio de Janeiro, como obras paralisadas, tarifas de ônibus, taxa de inadimplência, insegurança alimentar e abandono escolar. Cláudia Cruz reforça a gravidade da fome no Brasil.
“Quando a gente fala em insegurança alimentar a gente fala do Brasil de volta no Mapa da Fome e da necessidade da gente ajudar essas pessoas a desenvolverem políticas públicas para apoiar as pessoas em insegurança alimentar, em pobreza e em extrema pobreza”.
O estudo destaca também que não há dados públicos sobre identidade de gênero e orientação sexual da população para a construção de indicadores que possam orientar políticas públicas mais efetivas, o que contribui para que essas pessoas fiquem invisíveis e fortaleça a LGBTIfobia.