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Direitos Humanos

MPF abre consulta sobre inquérito que liga BB à escravidão no Brasil

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Carolina Pessôa - Repórter da Rádio Nacional
05/12/2023 - 19:02
Rio de Janeiro

O Ministério Público Federal anunciou a abertura de consulta pública para permitir que cidadãos, entidades e movimentos sociais expressem suas opiniões sobre inquérito para apurar a responsabilidade do Banco do Brasil na história da escravidão no país. O objetivo é coletar propostas de reparação que poderiam ser adotadas pela instituição financeira. 

As sugestões podem ser enviadas nos próximos 60 dias pelo e-mail prrj-prdc@mpf.mp.br ou diretamente pelo protocolo do MPF. 

A iniciativa faz parte de inquérito iniciado pelo MPF a partir de pesquisas de um grupo de professores universitários sobre o papel do banco estatal no tráfico de pessoas escravizadas durante o século XIX. O procurador  Júlio Araújo destaca algumas das demandas da população já coletadas em audiência pública. “Há propostas variadas, as pessoas trazem muitas questões. A questão quilombola é muito importante, a questão da desigualdade racial na empresa e na sociedade né, segundo as políticas de crédito. Então há vários pontos que são abordados, que são colocados, mas que precisam ser aprofundados. O que a gente pretende é que a reparação ela tem que ser constitutiva das instituições”, diz.

Em novembro, o Banco do Brasil emitiu um comunicado público, pedindo desculpas ao povo negro por seu papel no passado. No comunicado também foi anunciada uma série de ações afirmativas de reparação. Apesar disso, o MPF considera que essas medidas não são suficientes, como explica o procurador Júlio Araújo: “Nós consideramos o pedido de desculpas super importante. O banco tem tido uma postura muito relevante. Mas é necessário pensar um programa de reparação. O banco até tem disposição em dialogar, mas a gente precisa aprofundar”. 

Apesar de ter uma presidente negra, Tarciana Medeiros, o MPF observa que a maioria das lideranças do banco ainda é composta por pessoas brancas. Nesse sentido, ressalta a importância de o Banco do Brasil implementar processos internos para lidar com essa disparidade. 

O MPF também solicitou respostas do BB para questões ainda não esclarecidas no inquérito e agendou uma reunião com a direção executiva do banco, marcada para o próximo dia 11, em Brasília. 

O Banco do Brasil, por meio de nota, confirmou sua participação na reunião e destacou que tem debatido com entidades públicas e privadas, movimentos negros e implementado medidas concretas em prol da igualdade racial, de gênero e diversidade. 

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