60 anos do golpe: Cinemas Novo e Marginal mostram contradições do país
No mês que completa 60 anos do golpe a Rádio MEC preparou o especial "Resistência da Cultura na Ditadura", que conta como a Música Popular Brasileira, o Samba, o Soul, o cinema e o teatro resistiram a censura e as perseguições. Nesta quarta reportagem as telonas que por meio do Cinemas Novo e Marginal buscaram, em seus filmes, refletir sobre as contradições do nosso país. A resistência estava nas telas do cinema!
"Escute... a luta de classes existe" trecho do filme Terra em Transe, de Glauber Rocha.
Em plena ditadura empresarial-militar, o filme Terra em Transe ilustra, com essa passagem, a mensagem de resistência que não apenas Glauber Rocha, mas também Mário Carneiro, Joaquim Pedro de Andrade, João Batista de Andrade, Leon Hirsman, Nelson Pereira dos Santos, Eduardo Coutinho, Júlio
Bressane e Rogério Sganzerla, entre outros, levaram às telas de cinema.
Os grandes expoentes dos Cinemas Novo e Marginal buscaram, através de seus filmes, refletir sobre as contradições do nosso país, por força da censura muitas vezes através de alegorias nem sempre tão claras ao grande público.
Professor da UFSCAR, Universidade Federal de São Carlos, Arthur Autran avalia o impacto do golpe de 64 no cinema nacional, destacando que antes do golpe o nordeste e a reforma agrária eram retratados no cinema e após o golpe o enredo passa a se concentrar no intelectual de classe média ou na reflexão de como foi possível ocorrer o golpe.
A professora universitária, pesquisadora e documentarista Guiomar Ramos lembra a relação do Cinema Novo com a UNE, União Nacional dos Estudantes, que era muito politizadas e defendia as reformas de base de João Goulart. A UNE levava esta pauta para as universidades e depois do golpe foram perseguidos.
Presidente da Cinépolis do Brasil, Luiz Gonzaga De Luca faz observações sobre a censura aos cineastas no período, para ele os mais afetados pela censura foi o cinema marginal e não chegaram as salas de cinema.
Filho de Glauber Rocha, o poeta, performance, transcineasta, filósofo e esquizoanalista Pedro Paulo Rocha afirma que a obra de seu pai sofreu censuras das mais diversas ordens, como censuras de estado, culturais, ideológicas, industriais e de mercado.
Clique aqui e acompanhe os outros episódios!
* O especial conta com a colaboração de Beatriz Arcoverde, da Radioagência Nacional.