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Direitos Humanos

Nova lei da saidinha deve prejudicar ressocialização, diz pesquisadora

OAB pretende entrar com ação de inconstitucionalidade no STF
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Priscilla Mazenotti - repórter da Rádio Nacional
03/06/2024 - 14:55
Brasília
Convênio com empresas garante trabalho para os apenados na Penitenciária de São Pedro de Alcântara.

21/01/2020, São Pedro de Alcântara, SC, Brasil.

Fotos Ricardo Wolffenbüttel/ SECOM
© Ricardo Wolffenbüttel/ SECOM

O governo promete não judicializar a questão, mas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pretende entrar esta semana no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental sobre a saidinha temporária de presos.

A ideia é questionar a constitucionalidade dessa medida, agora mais restritiva, depois da derrubada do veto na semana passada pelo Congresso Nacional. Derrota, aliás, que não surpreendeu o governo, segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

A pesquisadora Dina Alves, doutora em ciências sociais e que estuda o sistema penitenciário há mais de uma década, diz que a nova lei é um retrocesso e atenta contra a dignidade da pessoa humana.

Outra preocupação da especialista Dina Alves é com relação à implantação da lei. É que ela permite saídas temporárias apenas de presos do semiaberto condenados por crimes não violentos, com o objetivo de estudar ou fazer cursos profissionalizantes, e com monitoramento eletrônico. Visitas à família, independentemente de data, motivo ou merecimento, não serão permitidas. Além disso, a lei determina o exame criminológico para progressão de pena.

A tendência, segundo ela, é que o assunto pare mesmo na Justiça. Na última quarta-feira, o ministro André Mendonça, do Supremo, deu uma decisão contrária ao Congresso, mantendo a saída temporária num caso específico. Para um preso que já tinha ganhado o benefício antes da derrubada do veto. O entendimento é o de que a lei penal não pode retroagir para prejudicar o réu.

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