Metade dos adolescentes que morreram de forma violenta em São Paulo estavam fora da escola. É o que aponta um estudo publicado nessa semana pelo Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, a partir de dados coletados entre 2018 e 2020.
No período analisado, 1.309 adolescentes morreram por violência no estado de São Paulo. Quase 700 desses adolescentes tinham deixado a escola sem concluir o Ensino Médio, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Educação. Em 70% dos casos, a morte ocorreu entre um e dois anos depois da evasão escolar.
O estudo revela também que, nas 3.950 mortes violentas de crianças e jovens no estado de São Paulo, entre 2015 e 2022, em 35% dos casos, o que equivale a mais de um terço do total, aconteceram em situação de intervenção policial, por homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. Esse percentual coloca o estado de São Paulo bem acima da média do país nos últimos três anos, que é de 16%.
A pesquisa "O impacto das múltiplas violações de direitos contra crianças e adolescentes" foi feita em parceria com o Comitê Paulista pela Prevenção de Homicídios na Adolescência e o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Justiça e Cidadania.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública paulista afirmou que as mortes em decorrência de intervenção policial são resultado da reação de suspeitos à ação da polícia. E acrescenta que a pasta investiga rigorosamente todos os casos, com acompanhamento das respectivas corregedorias, do Ministério Público e do Poder Judiciário.