Para quem acompanha a Rádio Nacional, seja em Brasília, Amazônia ou Alto Solimões, não é novidade que na data de nascimento do Viva Maria, 14 de setembro, foi criado o Dia Latino-americano da Imagem das Mulheres nos Meios de Comunicação e, mais recentemente, a Rede de Jornalistas com Visão de Gênero nas Américas.
Essa rede foi criada em 2016, em Buenos Aires, na Argentina. Naquela oportunidade, o Viva Maria foi homenageado pelas jornalistas que lá estavam, bem como pela psicóloga Raquel Moreno, que foi testemunha ocular dessa história desde 1990. Raquel é autora dos livros “A beleza impossível” e “Imagem da mulher na mídia: controle social comparado”.
Por isso, nesta edição do programa, Rachel participa da comemoração do aniversário de 43 anos, falando sobre a importância da temática de gênero no calendário feminista.
Ela ressalta a necessidade urgente de medidas que ampliem e garantam a igualdade de gênero, principalmente no que diz respeito à participação política.
“Está na hora da gente ter projetos e programas de governo que possam garantir que a gente possa avançar em direção à igualdade. Nós estamos muito longe ainda da igual participação das mulheres na política e, se a gente continuar nesse mesmo ritmo que nós estamos, a ONU diz que daqui a 100 anos o Brasil chega à igualdade entre homens e mulheres em termos de política. É muito tempo, né?”
De acordo com Raquel Moreno, na política as mulheres têm uma imagem melhor do que os homens. O eleitor tende a achar que elas são mais honestas, estão menos sujeitas a desvios de conduta. Mas, mesmo sendo a maioria dos eleitores no Brasil (52,5%), as mulheres votam mais em candidatos homens. Por isso ainda há pouca representação feminina nas prefeituras e no poder Legislativo.
A psicóloga, autora de “Imagem da mulher na mídia: controle social comparado”, fala também sobre a representação feminina nos meios de comunicação.
“Muito se tem queixado da imagem da mulher nos meios de comunicação. Tá faltando diversidade, tá faltando pluralidade, tá faltando a discussão dos nossos problemas. A mídia nos utiliza bastante porque, afinal de contas, nós somos responsáveis por 80% das decisões de consumo. Então não dá para nos ignorar. Mas, por outro lado, os valores e o jeito como nos colocam na mídia são, em geral, a maneira mais conservadora possível. E todos os problemas e todas as questões que a gente levanta e que gostaria de ver discutidas simplesmente não aparecem.”