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Direitos Humanos

Usina Cambahyba, local de violência durante a ditadura, será tombada

Lugar será espaço de verdade, justiça e memória, segundo deputada
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Caio Azevedo* - estagiário da Rádio Nacional
24/10/2024 - 17:38
Rio de Janeiro

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro aprovou um projeto de lei para o tombamento da Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, por interesse histórico. O local foi cenário de muita violência durante a ditadura civil-militar no país.

Na época, 12 corpos de desaparecidos políticos foram incinerados na usina pelo ex-delegado Cláudio Guerra, segundo informações da Comissão Nacional da Verdade.

O projeto de lei, aprovado em primeira discussão, tem como autores principais a deputada Maria do MST, do PT, e o atual presidente da assembleia Rodrigo Bacellar, do União.

A deputada comemora a decisão da Alerj e compartilha seus planos para o futuro da usina.

“Esse tombamento visa preservar a memória dessas graves violações de direitos humanos cometidas nesse local, mas também promover o deputado público sobre as responsabilidades institucionais daquele período. E nós queremos fazer ali, junto com os movimentos sociais, com a universidade, o governo federal, um centro de memória da classe trabalhadora. Pra que a verdade, a justiça e a memória estejam sempre presentes ali naquele local”.  

Com o tombamento do local, somente serão permitidas intervenções que tenham como princípio preservar a sua história.

A medida precisa passar por uma segunda votação no plenário da Alerj.

A Companhia Usina Cambahyba ocupa uma área de sete fazendas em 3,5 mil hectares. Já foi uma das grandes propriedades agroindustriais do estado, mas foi desativada em 1996. Considerada como improdutiva, a área foi desapropriada em 2021 e cedida ao Incra. No mesmo ano, foi ocupada por cerca de 300 famílias do MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. E, atualmente, o assentamento já está regularizado pelo Incra.

O ex-delegado Cláudio Guerra, que confessou o crime de incinerar desaparecidos políticos no local, foi condenado no ano passado a sete anos de prisão em regime semiaberto pela Justiça Federal do município.

* Com supervisão de Bianca Paiva

 

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