Economista teme prejuízo à retomada do crescimento com bloqueio de verbas de obras de infraestrutura
O contingenciamento anunciado pelo governo nessa quinta-feira (27) é, na prática, o congelamento temporário de recursos com o objetivo de equilibrar as contas públicas.
Para o presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya, contingenciar verbas de infraestrutura, conforme anunciado pelo governo, prejudica a retomada do crescimento econômico.
Sonora: “A cada corte vem uma redução da atividade econômica e. consequentemente, uma redução da receita tributária. Aí o governo recorre a uma nova onda de cortes, que é, literalmente, enxugar o gelo.”
Já para o economista Raul Velloso, esse não é o caminho ideal, mas o possível para o momento.
Sonora: “Esse é o caminho que está aí mais à mão, é sempre possível fazer algum, que é o contingenciamento, que é o represamento de gastos. E depois administrar no dia a dia. Mas é um caminho.”
Desde o início do ano o governo já congelou cerca de R$ 45 bilhões do orçamento de 2017. Por sua vez, Miragaya não vê com bons olhos os gastos financeiros do governo com o empresariado.
Sonora: “O governo deixa de enfrentar o problema maior, que são os gastos financeiros, que têm oscilado no Brasil nos últimos anos entre R$ 400 bilhões e 500 bilhões, e uma renúncia fiscal, transferências de toda ordem, seja via subsídio para setores empresariais, grandes corporações, megainvestidores. Há uma transferência brutal de recursos do Estado.”
Raul Velloso avalia que, em curto prazo, é difícil fazer mudança que represente um ajuste sustentável do gasto. Para ele, uma das saídas para o governo é a redução da meta fiscal.
Sonora: “O que estou defendendo é que seja feita uma revisão aberta do orçamento e que seja bem explicado a todo mundo. Porque o que ele está tentando obter é uma meta fixada anteriormente de um déficit primário, excluindo o pagamento de juros da ordem de R$ 139 bilhões para este ano.”
De acordo com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, se a arrecadação aumentar até o fim do ano, o dinheiro retido pode ser liberado.