Trocando em Miúdo: Selic é a menor desde 1986, e o que isso tem a ver com seu bolso?
Olá, prezada pessoa ouvinte cidadã
Já estamos com a menor taxa Selic desde 1986, nos 7%, e tem ouvinte perguntando: “E eu com isso? O Copom não me alcança, nem sabe quem sou eu!” Então vamos nessa.
Primeiro, explicando melhor. Copom é o Comitê de Política Monetária que, a cada 45 dias, se reúne no Banco Central para acertar a taxa básica de juros, a Selic, usada pelo governo, na hora de pagar os juros do que deve, e isto pode ser até a sua devolução do Imposto de Renda. Dizem que esta taxa Selic serve para controlar a inflação. Quanto esta fica alta, aumenta a Selic. Quando a inflação, a oficial, medida pelo IPCA, fica baixa, como está agora, abaixo do centro da meta, então o Copom pode até continuar baixando a taxa básica de juros.
Mas vamos para a pergunta básica da pessoa ouvinte que acha que não tem nada a ver com a taxa Selic. Primeiro ponto. Desde maio de 2012, sempre que a taxa Selic estiver abaixo dos 8,5%, ao ano, só lembrando, então o rendimento da caderneta de poupança é sempre reajustado com base nos 70% adivinhe de quem? Da taxa Selic, determinada pelo Copom, que não tem nada a ver com o Procon. Hoje, então, a poupança está rendendo uns 5% ao ano porque dá 70% de 7%, que é a Selic, e mais a tal da TR, taxa de referência, usada pelos bancos, e que está dando quase nada.
Pronto. Já tem duas coisas que a Selic do Copom mexe aí no seu bolso. Um: caiu o rendimento da poupança. Dois: está menor a atualização da devolução do seu Imposto de Renda, caso não tenha recebido ainda, inclusive se estiver retido na malha fina. Outra coisa. Título do Tesouro Nacional. Era bom. Muita gente comprou, até porque dá para ter a partir até de uns R$ 200. Acontece que, agora, descontadas as taxas de administração, custódia e impostos, o título do Tesouro Nacional pode estar rendendo menos até do que a caderneta de poupança.
Terminando a prosa sobre a Selic do Copom, colocando a mão no seu bolso. Está bom para voltar a gastar, com dinheiro emprestado do banco, ou seja, pegar crédito na praça, se o nome estiver limpo e as dívidas em dia. Acontece que, e agora acompanhe meus cálculos, se a pessoa aí pegar um crédito no banco, a taxa menor que vai encontrar é de 50% ao ano, para comprar casa ou carro, dados como garantia, enquanto a Selic está nos 7% ao ano. Agora, se ficar atrasado no cheque especial, ou no cartão de crédito, mesmo com a Selic nos 7%, os juros continuam pulando para perto dos 400%. Isso mesmo.
E por causa de que essa diferença tão grande entre o que o banco me paga, se eu emprestar para ele, em troca de uns títulos, fundos, ações ou poupança, e o que eu tenho que pagar para o banco, caso eu precise de dinheiro? Aí a prosa fica para outro dia. É muita coisa para um dia só.
Então, tá. Inté e axé.
Trocando em Miúdo: Quadro do programa "Em Conta", da Rádio Nacional da Amazônia. Aborda temas relacionados a economia e finanças, traduzidos para o cotidiano do cidadão. É distribuído em formato de programete, de segunda a sexta-feira, pela Radioagência Nacional. Acesse aqui as edições anteriores.