Com avanço na matemática, estudantes perdem o medo dos números
Matemática. São 10 letrinhas que assustam muita gente. De acordo com os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica, divulgados nessa terça-feira pelo Inep, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, foi exatamente em matemática que os estudantes brasileiros tiveram o melhor progresso.
O avanço foi maior no ensino médio, no qual os estudantes brasileiros subiram do nível 2 para o 3, na escala internacional que vai até 10. No quinto ano do ensino fundamental, o avanço foi menor, mas os alunos passaram do nível 4 para o 5, numa escala semelhante. Os dados se referem ao ano passado.
E pelo menos 70 estudantes do quinto ano passaram a gostar do mundo dos números e do raciocínio lógico. Entre eles, a Anna Luiza Queirolo.
A Anna e os outros estudantes de duas escolas públicas em Cotia, na Região Metropolitana de São Paulo, participaram de um curso de férias, no mês de janeiro, antes da quarentena. O programa Mentalidades Matemáticas, desenvolvido pelo Instituto Sidarta, em parceria com a Universidade Stanford, nos Estados Unidos, foi a primeira iniciativa desse tipo no Brasil.
A presidente do instituto, Ya Jen Chang, contou que o curso derrubou alguns preconceitos.
Antes e depois do curso os alunos passaram por avaliações. O resultado foi que, em 10 dias, eles evoluíram o equivalente a 1,3 ano de estudo em matemática. O estudante Matheus Rayan também participou do curso de férias. Ele já gostava dos números, mas tinha medo de errar ao resolver os problemas.
A compradora Bruna Santos, mãe do Matheus, percebeu que, depois do curso, o filho ficou mais seguro.
E lembra da Anna Luiza, que falou no começo da reportagem sobre como aprendeu a gostar de matemática? Então, a mãe dela, Cláudia Queirolo, é professora e gostaria de ver o método do Mentalidades Matemáticas aplicado em mais escolas.
Os coordenadores do curso consideram que, agora, outro grande desafio é formar professores que sejam estimulados a se aventurar a planejar formas diferentes de resolver problemas matemáticos. E que sejam capazes de usar as próprias dúvidas e as dos alunos para buscar maneiras inovadoras de aprender e ensinar. Alguns cursos gratuitos já estão disponíveis pela internet.
E a presidente do Instituto Sidarta, Ya Jen Chang, espera que os resultados sejam duradouros, principalmente para a formação das meninas. Isso porque aproximá-las dos números amplia a participação feminina nas ciências exatas.
Os pesquisadores do programa Mentalidades Matemáticas descobriram que, como é considerada uma disciplina difícil, os estudantes que melhoram o desempenho em matemática se sentem mais encorajados a aprender qualquer coisa.
Agora, eles analisam os resultados do curso de férias para tornar possível a aplicação do programa em outras escolas pelo Brasil.