Raça ainda é fator determinante no acesso à educação no Brasil
As desigualdades raciais na educação brasileira permanecem. É o que apontam dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira (22). De acordo com o estudo, embora tenha havido uma diminuição de mais de 200 mil analfabetos entre 2022 e 2023, a porcentagem entre os negros é mais que o dobro da entre os brancos. No ano passado, enquanto 3,2% da população branca não sabia ler ou escrever, a taxa chegou a 7,1% entre a população negra. Além disso, o IBGE calculou que os brancos estudam em média 10,8 anos. Já entre as pessoas de cor preta ou parda, esses anos ficaram em 9,2.
A pesquisadora do IBGE, Adriana Beringuy, explica que os jovens negros também vivenciam uma maior distorção idade-série, ou seja, não frequentam a série adequada para a sua idade.
“Esse jovem de 18 a 24 anos, de cor branca, quando ele está frequentando a escola, ele de modo geral está dentro do ensino superior. Ao passo que esse jovem de 18 a 24 anos de cor preta ou parda, ele tem uma frequência mais descompassada. Então você tem até ele frequentando, mas parte destes jovens não está no ensino superior, está atrasada. Ele está frequentando seja o médio, ou até mesmo o fundamental, numa educação de jovens e adultos”, detalha a pesquisadora.
Em números, quase 30% dos estudantes brancos nessa faixa etária estavam na graduação, no ano passado. Já a proporção entre pretos ou pardos ficou em menos de 17%. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua mostram ainda que cerca de 70% dos pretos e pardos com 18 a 24 anos deixaram os estudos sem concluir o ensino superior, taxa que cai para 57% entre os brancos. Como resultado, enquanto 6,5% dos jovens brancos com essas idades já tinham um diploma em mãos, apenas 2,9% dos pretos ou pardos tinham a mesma conquista.