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Ninho do Urubu ou arapuca mortal? Reportagem traz detalhes da tragédia

Juiz do caso classificou dormitórios em contêiner como arapuca mortal
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Rodrigo Ricardo*, repórter da Rádio Nacional
08/02/2024 - 16:24
Rio de Janeiro
Centro de treinamento presidente George Helal, conhecido com Ninho do Urubu, é utilizado pela equipe de futebol do Flamengo. Foto da área destruída no centro de treinamento do Flamengo após incêndio.
© Ricardo Moraes/Reuters/direitos reservados

Por dois anos, a jornalista Daniela Arbex investigou os detalhes de uma tragédia que começou às 5h16 do dia oito de fevereiro de 2019: um incêndio fatal no Centro de Treinamento do Flamengo, na Zona Oeste do Rio, também conhecido como Ninho do Urubu.

Sobre o assunto, Arbex escreveu o livro "Longe do Ninho". Nele, a escritora pontua o comportamento da torcida flamenguista diante da morte de dez jovens com idades entre 14 e 16 anos.

Museu sem menção à tragédia

Outros personagens conhecidos da região também comentaram o caso. O artista Airá Crespo, por exemplo, lamenta a postura da diretoria do Clube da Gávea. 

Já o integrante do coletivo Flamengo Antifascista e do Democracia Rubro-negra, Carlos Motta, critica os dirigentes flamenguistas.

Ele reivindica que oito de fevereiro seja marcado como o Dia da Memória, como fez o Liverpool da Inglaterra, após uma tragédia que matou 96 torcedores.

Em agosto de 2023, o Flamengo inaugurou um museu, mas não há nenhuma menção ao capítulo mais triste dos 128 anos do clube.

Desdobramentos do caso

Arbex concluí que uma série de omissões contribuíram para a tragédia, mas lembra que desde 2012 o Flamengo era fiscalizado pelo Ministério Público, inclusive se negando a realizar um Termo de Ajuste de Conduta.

O juiz do caso classificou o contêiner onde dormiam os meninos de Arapuca Mortal e que o curto-circuito no ar-condicionado, que originou o incêndio foi apenas a ponta do iceberg. 

O Flamengo não quis dar qualquer depoimento a Daniela Arbex para o livro. O clube fez acordos financeiros com as famílias, menos com os parentes de Christian Esmério, que era goleiro e tinha quinze anos.

Os advogados do Flamengo alegam que a indenização de R$ 9 milhões reivindicada está acima dos valores arbitrados pela Justiça.

Na véspera dos cinco anos da tragédia, o Flamengo não respondeu a questionamentos individuais de repórteres. Preferiu soltar uma nota oficial onde diz que mantém o respeito pelas famílias e que vem prestando assistência a todas elas.

*Sonoplastia, sonorização e produção executiva: Luiz Gustavo Ferreira e Silva

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