O Brasil não vai conseguir universalizar o saneamento básico na primeira metade do século 21. Essa é a conclusão de estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que projeta que apenas em 2054 todos os brasileiros terão direito a morar num local onde haja serviços de fornecimento de água encanada e de tratamento de esgoto.
De acordo com o estudo, baseado nos dados do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento, 52,4% dos municípios da Região Norte têm água encanada e 6,5% têm rede para coleta de esgoto. O índice de tratamento de esgoto gerado na região é inferior a 15%.
Além dos problemas de acesso ao saneamento, o estudo da CNI aponta para o elevado índice de perda na distribuição de água.
Em valores monetários, o desperdício e o roubo de água fazem com que de cada R$ 100 gastos para fornecer água apenas R$ 63 sejam faturados pelas companhias de abastecimento.
A perda de água tende ser ainda pior na Região Norte. Mais da metade da água que é captada (50,8%) não chega aos domicílios, aponta a CNI.
De acordo com o gerente de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso, responsável pelo estudo, há um círculo vicioso que impede que todos os brasileiros tenham acesso à água encanada e ao tratamento de esgoto.
Diante do contexto de epidemias de dengue, febre chikungunya e Zika vírus, o gerente da CNI assinala que “custa muito caro não ter saneamento no país”, principalmente por causa dos gastos com internações hospitalares.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cada dólar gasto com saneamento básico economiza US$ 4,3 dólares com gastos com saúde. Os dados são de 2014.
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