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Na Trilha da História: Confira as diferenças da colonização nos EUA e no Brasil

Na Trilha da História
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Apresentação Isabela Azevedo
18/01/2017 - 16:41
Brasília

Olá, eu sou a Isabela Azevedo e está começando mais um Na Trilha da História! Hoje, vamos fazer uma comparação da trajetória brasileira e norte-americana. Será que a História consegue explicar porque o Brasil e os Estados Unidos se tornaram os países que são hoje?

 

Nosso convidado é o historiador Antônio Barbosa, doutor em História pela Universidade de Brasília, onde também é professor. O primeiro tema é colonização. Enquanto o Brasil foi colonizado por portugueses e espanhóis, os Estados Unidos foram colonizados pela Inglaterra. Será que isso influencia muito?

 

Sonora: "A questão não é quem nos colonizou, mas como a colonização foi feita. E aí nós temos uma diferença monumental entre as duas experiências históricas."

 

No Brasil, a colonização foi principalmente de exploração.

 

Sonora: "No caso do Brasil, a colonização foi feita a partir dos Estados Europeus Portugal e Espanha. Então havia ali um objetivo claramente traçado para amealhar riquezas neste novo mundo, sugar tudo o que a América pudesse oferecer para que esses países se enriquecessem lá na Europa."

 

Já nos Estados Unidos, a colonização foi principalmente de povoamento.

 

Sonora: "No caso da América do Norte, nós tivemos grupos de famílias inglesas que vão fugir da intolerância religiosa, da perseguição política e vão tentar do outro lado do Atlântico reconstruir suas vidas em novas bases."

 

Os processos de independência do Brasil e dos Estados Unidos também têm diferenças importantes. Os norte-americanos se declararam independentes da Inglaterra em 4 de julho de 1776. Tudo começou quando o governo inglês decidiu aumentar os impostos que cobrava das treze colônias norte-americanas.

 

Sonora: "Ou seja, se nós não temos representação lá no parlamento britânico, nós não somos obrigados a aceitar impostos e mais impostos que recaem sobre nós. Repare que eles não estavam falando sobre independência. Olha que coisa interessante. A independência só aconteceu porque a Inglaterra reagiu de forma muito violenta e aí para reagir à violência dos ingleses, as treze colônias se reuniram e declararam a sua independência."

 

Enquanto nos Estados Unidos a independência foi um movimento que mobilizou toda sociedade, no Brasil, ela foi proclamada por Dom Pedro I em 1822, com o apoio das elites do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Mas isso não quer dizer que não houve embate entre o povo brasileiro e os portugueses.

 

Sonora: "É assim que o Brasil independente. Se você me perguntar se o povo de alguma forma participou, vou dizer que esporádica e pontualmente. No caso do Pará, por exemplo, os paraenses pegaram em armas contra os portugueses, havia um destacamento português forte lá. É o caso do Piauí, que pouca gente sabe... Será que já ouviram falar da Batalha do Jenipapo? Piauienses do interior pegam paus e pedras pra enfrentar tropas portuguesas."

 

E não dá para deixar de citar o papel dos baianos na consolidação da independência brasileira.

 

Sonora: "E finalmente, o mais conhecido episódio de manifestação popular foi a Bahia. Porque só no dia dois de julho de 1823 que os portugueses foram definitivamente expulsos do Recôncavo Baiano."

 

Agora o assunto é escravidão. O professor Antônio Barbosa destaca a falta de empenho do Brasil para integrar os ex-escravos na sociedade.

 

Sonora: "Nós acabamos com a escravidão, com o trabalho compulsório e com o trabalho obrigatório, mas não demos as mínimas condições para que os antigos escravos fossem socializados. Isto é: atingissem o que hoje nós chamamos de cidadania. Para eles vão sobrar as piores escolas, quando elas existiam, os piores empregos e os piores salários. Foi um trabalho de abolição da escravidão que durou demais, o Brasil foi o último país do Ocidente a acabar com a escravidão, isso é uma loucura, e que na verdade foi incompleto."

 

Quanto aos Estados Unidos, o historiador lembra que o fim da escravidão por lá foi o resultado de uma guerra civil.

 

Sonora: "Ali, na verdade, estavam dois projetos de nação em jogo: o projeto sulista, caracterizado por aqueles elementos que vieram da colônia, o latifúndio, a monocultura, a escravidão; e o centro-norte, com o espírito empreendedor, capitalista, voltado para a valorização do indivíduo, para a liberdade individual. Não houve consenso. Foi necessário ir à guerra. A guerra civil, a Guerra de Secessão, de separação do sul do norte, mergulhou os Estados Unidos numa mancha de sangue que deitou raízes."

 

Esta foi a versão reduzida do Na Trilha da História. O episódio completo tem 55 minutos e traz, além da entrevista na íntegra com o historiador Antonio Barbosa, uma trilha sonora escolhida especialmente para o tema da semana. Para ouvir, acesse: radios.ebc.com.br/natrilhadahistoria. Se você tiver sugestões de assuntos para o programa, envie um e-mail para culturaearte@ebc.com.br.

 

Até semana que vem, pessoal!

 

Na Trilha da História: Apresenta temas da história do Brasil e do mundo de forma descontraída, privilegiando a participação de pesquisadores e testemunhas de importantes acontecimentos. Os episódios são marcados por curiosidades raramente ensinadas em sala de aula.

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