Os sentimentos de tristeza e indignação eram evidentes na expressão das mães e familiares de vítimas da violência policial, que realizaram um ato na manhã desta quarta-feira, em frente a sede do Ministério Público, no centro do Rio. Eles espalharam faixas pelo chão e carregavam fotos dos parentes mortos.
Gritos por justiça eram alternados por discursos no microfone que relatavam histórias de dor, perda e impunidade.
A manifestação, denominada “Acorda MP”, foi contra a inércia nas investigações e em memória e justiça aos mortos de abril de diferentes anos. Os manifestantes criticaram a atuação do Ministério Público na responsabilização de agentes e pediram mudança e autonomia na apuração de homicídios e violações por parte da polícia.
Os casos ali narrados, em sua maioria, acabaram arquivados e classificados como autos de resistência, ou seja, homicídios decorrentes de intervenção policial.
Esse foi o caso, inclusive, do menino Maicon de Souza da Silva, de apenas dois anos de idade, morto na porta de casa, em Acari, em 1996. O pai dele, o pedreiro José Luiz Faria da Silva, de 56 anos, conta que a angústia é ainda maior pela classificação do homicídio como auto de resistência.
Além de Maicon, o ato lembrou outras vítimas do mês de abril. Entre elas, Eduardo de Jesus Ferreira, assassinado aos 10 anos de idade na porta de casa, no conjunto de favelas do Alemão, no dia 2 de abril de 2015. A mãe de Eduardo, Terezinha Maria de Jesus, disse que vai continuar lutando por justiça, apesar de o caso ter sido arquivado no final do ano passado.
Ana Paula Gomes de Oliveira, mãe de Jonathan de Oliveira, morto por um tiro, em 2014, aos 19 anos, em Manguinhos, na zona norte, acredita que uma parcela da população está sendo exterminada.
A reportagem solicitou posicionamento junto ao Ministério Público do Rio, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.