Mariana: Dois anos depois, ainda faltam concluir indenização de famílias e reconstrução de cidades

Mariana

Publicado em 06/11/2017 - 09:47 Por Sumaia Villela, Enviada Especial - Mariana (MG)

O rompimento da barragem de Fundão, pertencente à Mineradora Samarco, afetou pelo menos 500 mil pessoas ao longo de 670 quilômetros da Bacia do Rio Doce. A tragédia criou a necessidade de vários tipos de indenização e a reconstrução de três distritos soterrados pela lama.

 

Mas, dois anos depois, nem a compensação em dinheiro nem a entrega das novas comunidades foram resolvidas. Os desenhos urbanísticos dos novos distritos de Bento Rodrigues, Paracatu e parte de Gesteira ainda estão sendo finalizados. O promotor do Ministério Público de Minas Gerais, Guilherme Meneghin, diz que todos os projetos estão atrasados.

 

Sonora: “Eles cometeram uma série de erros nos projetos de reassentamento de Bento Rodrigues, atrasando todo o processo. Tem outros problemas em relação ao de Paracatu, que também está atrasado, tanto é que neste momento, quase dois anos do desastre, deveriam estar sendo iniciadas as obras”

 

Segundo a Fundação Renova, financiada pela Samarco e responsável pela construção, a falha no projeto de Bento Rodrigues foi corrigida, e o novo desenho será apresentado para a comunidade. O projeto de Paracatu também está em fase final de elaboração, segundo a diretora de Desenvolvimento Institucional da Renova, Andrea Azevedo.

 

Sonora: “O processo está correndo com a ajuda de toda a comunidade, então isso faz com que tenham várias discussões para que tenha o melhor desenho urbanístico. O início da construção será no primeiro semestre de 2018 e a finalização, como previsto, será no primeiro semestre de 2019. Todos os esforços de contratação 24 horas de obras vão ser feitos para que não haja nenhum atraso.”

 

Enquanto isso, as mais de 360 famílias afetadas aguardam a reconstrução morando em casas alugadas pela Samarco, na cidade de Mariana. Uma mudança de vida repentina, que separou famílias e vizinhos, como a de Expedito Lucas da Silva.

 

Sonora: “Como se tivesse aprisionado. Você é acostumado em lugar pequeno, conhece todo mundo, tem amizade, conversa com todo mundo. Hoje tá um para cada canto. O mundo não consegue ver isso, esse sentimento que traz. Às vezes vê pela parte do dinheiro, porque você tá recebendo um auxílio financeiro, mas não é tudo. Tem coisa que vai além do dinheiro.”

 

Um auxílio financeiro mensal é dado pela Renova aos atingidos, de um salário mínimo mais 20% do valor por dependente. Eles também têm direito à indenização pelos danos sofridos, tanto materiais como morais. Em Mariana, o Ministério Público media a negociação. Foi preciso refazer várias vezes os critérios do cadastro, que reconhece quem tem direito a ser indenizado.

 

Nesses dois anos, foram excluídos casos como o de Marlene Agostinho dos Reis. Ela mora na cidade de Mariana, mas a mãe, idosa, vivia no povoado de Pedras, atingido na tragédia. Manicure, deixou o serviço depois da tragédia para cuidar da mãe, ela argumenta que perdeu acesso a alimentos.

 

Sonora: “Eu moro aqui em Mariana, mas verdura eu não comprava. Não comprava frango, ovos, fruta, queijo, leite. Verdura fresquinha, peixe. Meu tio tinha uma lagoa lá do tempo do meu bisavô. E lá a gente pescava, no rio, na lagoa. Então era uma coisa maravilhosa pra gente. A gente perdeu tudo”.

 

O Ministério Público diz que problemas com o cadastro foram resolvidos somente agora, em outubro. A Renova quer fazer o pagamento das indenizações no primeiro semestre de 2018, na mesma época das demais regiões que já estão mais avançadas. É o que diz o responsável pelas indenizações da fundação, Gabriel Rossoni.

 

Sonora: “É um processo complexo, mas que agora conseguir atingir junto coma  população os parâmetros. E, a partir de agora, em novembro e dezembro, vamos ter grandes campanhas de indenização, muitas pessoas sendo atendidas. A Renova quer indenizar e vamos conseguir fazer isso em um curto espaço de tempo”

 

As indenizações voltadas a outras regiões são pagas, por exemplo, a pescadores, agricultores e comerciantes. Existe ainda indenização específica para cerca de 450 mil moradores de municípios que tiveram abastecimento de água prejudicado na época.

 

Contando com antecipações de indenização e o auxílio emergencial, foram pagos R$ 500 milhões pela Renova. A fundação calcula gastar entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, no total.

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