Um relatório lançado nesta quinta-feira (26) revelou aumento no número de tiroteios e chacinas desde o início da intervenção federal na segurança pública do Rio, decretada no dia 16 de fevereiro deste ano.
Após a análise dos dois primeiros meses da medida, o Observatório da Intervenção, formado por pesquisadores e entidades da sociedade civil, divulgou o estudo, com base em dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) e dos aplicativos Fogo Cruzado, Onde Tem Tiroteio e Defezap.
O estudo, intitulado “À deriva - sem programa, sem resultados, sem rumo”, mostrou que nos dois meses anteriores a intervenção, foram registrados 1.299 tiroteios no estado, enquanto nos dois meses seguintes ao decreto o número subiu para 1.502.
Outro fenômeno que preocupa os especialistas foi o aumento no número de chacinas. Entre fevereiro e abril de 2017 foram registradas seis chacinas com 27 mortes. Já em 2018, o número praticamente dobrou, saltando para 12 chacinas com 54 mortos.
A cientista social e coordenadora do Observatório, Sílvia Ramos, defendeu que nenhuma política de segurança terá resultado se ela não se basear na redução dos confrontos.
Para o coronel Ibis Pereira, ex-comandante-geral da Polícia Militar do Rio, o grande mérito do relatório é servir de crítica e elemento para repensar os rumos da intervenção.
O observatório monitorou 70 operações desde o início da intervenção até o dia 16 de abril. As ações, que empregaram mais de 40 mil agentes, resultaram na morte de 25 pessoas e na apreensão de 140 armas, sendo 42 fuzis.
Por nota, o Gabinete de Intervenção Federal afirmou que tem se dedicado aos objetivos estabelecidos de diminuir progressivamente os índices de criminalidade e fortalecer as instituições da área de segurança do estado. A nota informa, ainda, que medidas emergenciais e estruturantes estão sendo tomadas e serão observadas ao longo do período previsto de intervenção.