O adolescente, de 14 anos, baleado durante operação coordenada pela Polícia Civil no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, permanece em estado grave em um hospital da rede estadual. Ele passou por uma cirurgia e teve o baço removido.
O adolescente teria sido atingido por uma bala perdida no trajeto até a escola. Na operação, iniciada pela manha, seis suspeitos morreram em confrontos. Segundo nota divulgada pela instituição, todas eles tinham envolvimento com o tráfico de drogas na região.
A coordenadora da Secretaria Municipal de Educação, Fátima Barros, que esteve no Hospital Getúlio Vargas, onde o adolescente está internado, contou que o secretário municipal de Educação enviou mensagem à Polícia Civil pedindo que a operação fosse encerrada.
O diretor do Colégio onde a vítima estuda Edilson de Souza falou do abalo com a notícia do que tinha ocorrido com o jovem.
A operação também foi alvo de críticas de moradores nas redes sociais e de entidades.
O fundador e diretor do Luta pela Paz, organização internacional de prevenção à violência, que atua no Complexo da Maré, o inglês Luke Dowdney, postou no Facebook, que é inaceitável e repugnante ver um helicóptero atirando em uma comunidade cheia de pessoas inocentes que não tem nada a ver com a violência que ocorre diariamente nas comunidades do Rio.
Na postagem, ele afirma ainda que testemunhou muitas mães com medo, correndo para a escola, com um helicóptero atirando.
A ONG Observatório de Favelas também criticou a ação nas redes sociais afirmando que mais uma vez a "força de segurança" utiliza a ação de helicópteros com disparos de cima para baixo que colocam em risco a vida de toda a população da Maré.
Vídeos publicados mostram um helicóptero sobrevoando casas, com barulho de tiros. Também foram divulgados vídeos de crianças se abaixando para se proteger dentro de escolas.
Até o fechamento dessa reportagem, a Polícia Civil não tinha respondido a respeito das denúncias. Em nota divulgada durante a tarde, a Polícia Civil informou que houve resistência dos criminosos durante o cumprimento de mandados em duas residências, com os policiais sendo recebidos com disparos de armas de fogo.
Segundo a nota, os agentes apreenderam fuzis, carregadores, duas pistolas, granadas, munição, além de drogas e ferramentas utilizadas para arrombamento de caixas eletrônicos.
A força-tarefa da Polícia Civil contou com apoio do Exército Brasileiro e da Força Nacional e tinha como objetivo o cumprimento de 23 mandados de prisão.
*Texto e áudio alterados às 09h49 de 21/06/18 para corrigir informação. O secretário municipal de Educação enviou mensagem à Polícia Civil pedindo que a operação policial fosse encerrada e não o secretário municipal de Saúde, como informado anteriormente.