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Brumadinho: Desastre pode provocar também surtos de doenças

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Tâmara Freire
05/02/2019 - 18:47
Rio de Janeiro

Pesquisadores da Fiocruz alertam para o surto de doenças na região de Brumadinho (MG), após o rompimento da barragem da Vale, que já deixou mais de 120 mortos e ainda tem cerca de 200 desaparecidos.

 

Além da população diretamente afetada pelo desastre, as consequências devem chegar aos 41 municípios da bacia do rio Paraopeba, já atingido pelos rejeitos da barragem e com risco de alcançar centenas de outros, caso esse material chegue ao Rio São Francisco.

 

Os pesquisadores já verificaram males causados pelos metais existentes na lama em pessoas que tiveram contato com ela, mas o material tóxico também pode provocar intoxicação por via respiratório quando a lama secar e esses rejeitos forem disseminados pelo vento, na forma de poeira.

 

De acordo com o pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde Cristóvão Barcellos, já foram feitos testes na lama da barragem e o resultado deve ser divulgado em 15 dias.

 

Nesta terça-feira (05) os pesquisadores da Fiocruz no Rio de Janeiro alertaram também para a possibilidade de surto de doenças como Dengue, Zika e Febre Amarela, já que o rompimento da barragem afetou o bioma na região.

 

Além disso, com a contaminação da água dos rios, muitas pessoas devem recorrer a alternativas de armazenamento de água, o que pode multiplicar a quantidade de criadouros dos mosquitos que transmitem essas doenças.

 

A recomendação, de acordo com o epidemiologista Diego Xavier, é que todas as cidades nas áreas potencialmente atingidas reforcem o controle de vetores e a vacinação contra a febre amarela.

 

A suspensão dos serviços de coleta de lixo e de saneamento e os danos à rede também devem levar a um surto de leptospirose - situação já constatada em Mariana (MG), após o rompimento da barragem da Samarco, há 3 anos.

 

Os pesquisadores também reforçam que é preciso especial atenção com a saúde mental dos atingidos e com o controle de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, já que o desastre impacta o acompanhamento dos pacientes pelos serviços de saúde, na medida em que toda a rede está concentrada em cuidar dos problemas diretamente decorrentes do desastre. Além disso, o sofrimento emocional pode desencadear ou piorar quadros já existentes.

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