Ela despontou em meio ao caos, à morte, ao flagelo. Singela, com pétalas que pareciam lutar para se levantar diante da lama, virou símbolo da resistência e da retomada da vida de um grupo de cerca de 30 mulheres de Brumadinho.
A flor amarela, imortalizada em uma foto que circulou pelo estado de Minas Gerais após a enxurrada de lama que deixou 240 mortos e mais de 60 desaparecidos no dia 25 de janeiro, deu vida a um projeto de mesmo nome que leva ajuda, conforto e abraço a mulheres que perderam parentes, amigos, conhecidos.
Como a flor, elas precisam de força para se levantar e seguir reconstruindo os caminhos, como conta a jornalista Patrícia Giudice, uma das cinco idealizadoras da ação.
Sonora: “Aquela lista de óbitos foi se formando e foi caindo a ficha ali pra gente que o que estava ali eram homens m idade produtiva e a gente começou a ver que ficavam ma es e viúvas e a gente voltou o olhar pra elas”
O projeto é pautado pela simplicidade e oferece às mulheres de Brumadinho momentos de escuta, solidariedade, empatia. O grupo entende que, junto com a barragem, ocorreu um empoderamento forçado dessas mulheres. Muitas vão ter que além de viver sem os companheiros, também começar a lutar por indenizações, trabalhar mais, refazer planos.
Por isso, o tempo corre de maneira diferente nos encontros do grupo: respeita-se o tempo do luto.
Segundo Patrícia Giudice, o objetivo é ajudá-las a pensar em um futuro sem deixa-las cair na depressão.
Até o momento foram realizados três encontros, no último, a jornalista Ana Holanda, que trabalha com escrita criativa e afetuosa, foi chamada para ajudar as mulheres de Brumadinho a transformar a dor em palavras.
A jornalista ouviu das vítimas que o lugar onde passaram a infância não existia mais, que parte das recordações foi embora.
Para Ana, no luto, o texto, o papel, as palavras, ajudam as mulheres a dar vazão ao que estão sentindo.
Sonora: “É um processo de organização interna. Eu falo com os meus amigos do texto em camadas, que é quando a gente sai da superfície e entra no profundo . Eu não tinha certeza se isso ia ajudar, de alguma forma, essas mulheres, mas o que eu vi é que ajuda e muito.”
O próximo encontro do Flor Amarela está previsto para o fim deste mês no Córrego do Feijão.
Quem quiser auxiliar ou fazer parte do projeto pode entrar em contato com o grupo pelo e-mail: contato@projetofloramarela.com.br.
Da Agência Brasil, em Brasília, Bruna Saniele.
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Print Paulo Pinto/Agência Brasil"
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