Deficientes auditivos enfrentam dificuldades no mercado de trabalho, revela pesquisa
Concluir o ensino superior e entrar mercado de trabalho são apenas algumas das dificuldades enfrentadas pelos deficientes auditivos no Brasil.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, divulgada nesta segunda (30), mostra que, da população de mais de 10 milhões de surdos, apenas 7% possuem o ensino superior completo e somente 37% deles estão no mercado do trabalho.
Millena Machado, uma das idealizadoras da semana da acessibilidade surda, que discutiu o assunto, em São Paulo, relata problemas enfrentados pelos deficientes auditivos no mercado de trabalho.
Sonora: "“Eles eram preteridos. Então, as empresas preferiam construir uma rampa, instalar um elevador, colocar piso táctil e colocar etiquetas em braille em todo o escritório, do que receber uma pessoa com perda auditiva. Porque eles achavam que receber uma pessoa com perda auditiva era a mais difícil das adaptações.”
O arquiteto Alexandre Ohkawa, surdo desde a infância e um dos idealizadores do programa "empatia do silencio", que busca sensibilizar as pessoas a respeito da deficiência auditiva, relata episódios de discriminação que ele já sofreu.
Sonora: “Eu não participava de reuniões de trabalho. E por que? Ah, porque eu sou surdo e faço leitura labial. E uso aparelho auditivo também. Mas eles achavam que eu não ia entender nada na reunião. Mas se vocês estão entendendo o que eu estou falando, então, realmente eu falo. Eu também falo em Libras.”
E dentro de casa, também existem barreiras.
A pesquisa mostra que dois em cada três brasileiros afirmam ter alguma dificuldade na comunicação com a família.
Com o envelhecimento da população, a inclusão das pessoas surdas vai se tornar uma pauta urgente, nos próximos anos.
De acordo com a OMS, Organização Mundial da Saúde, até 2050, o mundo terá cerca de 1 bilhão de pessoas com deficiência auditiva.