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"Descobrir o outro e a gente": no Dia Nacional do Voluntariado, saiba razões para aderir

"Descobrir o outro e a gente"
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Sayonara Moreno
05/12/2019 - 06:04
Brasília

Neste Dia Nacional do Voluntariado, 5 de dezembro, não é novidade o quanto a sociedade conta com quem se dedica a ajudar o próximo. Mas nos últimos anos, o fluxo migratório de refugiados vindo para o país fez os voluntários e entidades voltarem os olhos – e a boa vontade – para quem não escolheu deixar as origens, e sim precisou fugir da fome, da guerra e das perseguições.


Atuante no voluntariado há cerca de cinco anos, Clarissa Paiva, de 27 anos de idade, estuda mestrado em Direitos Humanos. Ela decidiu se entregar ao voluntariado por quase dois anos em uma entidade de apoio a pessoas refugiadas, em São Paulo, capital. Hoje, continua na organização Missão Paz, mas como funcionária. Mesmo assim, Clarissa não esquece a importância de dedicar algumas horas por semana para ajudar, sem receber remuneração por isso.


“Nesse meio a gente acaba descobrindo muito mais quem a gente é, quem o outro é, coisas boas do ser humano. Então eu acho que vai muito além de olhar para o próprio umbigo. Tem muita gente precisando, às vezes, só ser escutado. Voluntariado tem sido uma questão muito presente e eu acho que vai continuar, de outras formas agora”.

 

Clarissa Paiva faz questão de dizer que a experiência requer compromisso com a causa. É preciso manter a frequência e se manter no que ela prefere chamar de construção coletiva.


“Eu não vejo como ajuda. Quando a gente fala muito em ajuda, a gente acaba remetendo ao assistencialismo. Eu vejo esses encontros com o outro, com o imigrante, com o refugiado, como um meio de construção coletiva. São questões tão simples, às vezes, é meio que uma ponte para que essa parceria se consolide, para que o refugiado consiga viver bem em sociedade”.


O IBGE estima que, no Brasil, mais de 7 milhões de pessoas atuaram como voluntárias, em 2018. A maioria é de mulheres, acima dos 50 anos de idade e com nível superior de escolaridade.


A Organização das Nações Unidas possui, desde 1971, o Programa de Voluntários das Nações Unidas, no qual já atuaram 30 mil pessoas e, atualmente, está em mais de 140 países. Entre diversas agências da ONU, existe uma voltada, exclusivamente, para “proteger os refugiados e promover soluções duradouras para seus problemas”: a ACNUR, Agência da ONU para refugiados. O representante da entidade, no Brasil, Luiz Fernando Godinho, explica que o voluntariado é uma forma de as pessoas fazerem o bem e estarem mais próximas da sua comunidade.


“Essa ideia de que o voluntariado promove a participação das pessoas na sua própria comunidade, na solução dos problemas, nas iniciativas de desenvolvimento e de resposta humanitária que afetam a sua própria comunidade. Isso é importante não só para a formação do próprio voluntário, mas da sua relação com a sua comunidade. É uma maneira efetiva das pessoas interagirem e provocarem uma mudança efetiva”.


Apenas para atender refugiados, em diversos assuntos, a agência da ONU está em mais de 70 países, onde se dedicam mais de 900 voluntários. Segundo as Nações Unidas, a atividade voluntária traz benefícios não apenas para a sociedade, mas para quem pratica também, porque estimula a reciprocidade e a confiança entre as pessoas.

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