Guaranis deixam terreno ocupado em São Paulo depois de negociação, mas acampam em frente à entrada
Depois de negociar com a Polícia Militar, os guaranis do Pico do Jaraguá, em São Paulo, saíram da área vizinha à terra indígena e acamparam na rua, em frente à entrada, impedindo o acesso ao terreno.
O imóvel é da construtora Tenda, que planejar construir prédios de apartamentos populares. Há mais de 40 dias, quando a empresa derrubou cerca de 500 árvores, o lugar foi ocupado pelos guaranis, que questionam a autorização dada pela prefeitura para que a obra seja realizada.
A Justiça estadual autorizou a reintegração de posse, e desde as 6h desta terça-feira, a tropa de choque já fechava a rua de acesso ao terreno, que estava cheio de crianças e idosos.
Segundo Gabriela Pires, advogada da comissão Guarani Yvyrupa, a reintegração de posse se limitava a tirar as pessoas de dentro do terreno, e não da rua em frente.
“A reintegração de posse é exclusivamente para a parte interna do terreno, uma compreensão inclusive da própria oficial de Justiça, e está escrito no mandado de reintegração de posse. Compreendendo isso, eles entenderam que ocupar essa área do portão para fora é, também, um ato político de resistência”.
As obras na área já tinham sido suspensas a pedido da Justiça Federal, e uma nova audiência foi marcada para o dia 6 de maio.
O líder indígena Thiago Karai Djekupe diz que eles não querem a posse do terreno.
“Nós não estamos brigando pela posse do terreno, estamos brigando somente pelas legislações indigenistas que foram desrespeitadas pela prefeitura de São Paulo, pelo Bruno Covas e pela Tenda. Nós exigimos que se respeitasse a legislação federal”.
Segundo regra federal, áreas vizinhas a terras indígenas são tratadas como zona de influência, e é preciso autorização especial do Ibama, da Funai e da própria comunidade indígena para realizar obras.
Em nota, a construtora Tenda diz que ainda aguarda as informações da Polícia Militar sobre o cumprimento do mandato de reintegração de posse.