Eixo, Eixinho e Eixão: quem não sabe o significado deve visitar Brasília pra entender
O desenho de Brasília foi feito a partir de um cruzamento de duas vias, ou eixos, que ligam pontos cardeais extremos. O Eixo Rodoviário, que liga a cidade de norte a sul, e o Eixo Monumental, de leste a oeste. Eixo Rodoviário, o Eixão, é a via que liga o Plano Piloto de Norte a Sul. É em torno dele que se organizam as superquadras residenciais de Brasília. Nos domingos e feriados, os carros não podem trafegar nas seis pistas principais da via. Nesses dias, das 6h até as 18h, o Eixão do Lazer é todo dos pedestres, ciclistas, skatistas e, claro, dos bichinhos de estimação.
No meio do Eixão, existe a faixa presidencial, onde o tráfego é proibido e que só deve ser usada para deslocamentos de emergência. De cada lado do Eixão, existem os Eixinhos, pistas marginais nos dois sentidos, separadas por canteiros e com velocidade máxima menor que a do Eixão. O Eixão e os eixinhos só se separam da Rodoviária do Plano Piloto, quando os eixinhos passam pela plataforma superior e o Eixão passa pelo subsolo, no Buraco do Tatu.
Por baixo das pistas existem 16 passagens subterrâneas, oito na Asa Norte e oito na Asa Sul. Essas passagens constantemente são alvos de vândalos e, algumas vezes, servem de esconderijo para criminosos. Muita gente tem medo de usá-las e prefere correr o risco de atravessar o Eixão pela pista principal. A professora de Arquitetura e conselheira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF, Gabriela Tenório, sugere uma solução para esse problema.
Quanto ao Eixo Monumental, já exploramos bastante a parte leste, onde ficam o Conjunto Cultural da República, a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes. O canteiro central é tão grande, que é ali onde ocorrem shows e manifestações populares. Em 2016, foi necessário erguer o “Muro do Impeachment” para evitar confusões entre os que eram a favor ou contra a retirada de Dilma Rousseff da Presidência da República.
Esse canteiro do Eixo Monumental é tão grande, que foi o principal motivo para que a via fosse considerada pelo Livro dos Recordes a avenida mais larga do mundo. Mas, voltando ao assunto… Também já falamos da Rodoviária do Plano Piloto e da Torre de TV, que ficam um pouco mais acima. Vamos continuar, então, rumo ao oeste, passamos pelo Estádio Nacional Mané garrincha e o Ginásio Nilson Nelson. No canteiro central, bem em frente ao estádio, temos a Funarte, a Fundação Nacional de Artes, onde funcionam duas salas de teatro e uma galeria de artes. Ali perto estão o Clube do Choro, o Planetário e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Subindo mais um pouco, a Praça do Buriti, cercada pelos três Poderes do DF: o Executivo, no Palácio do Buriti; o Judiciário, no Tribunal de Justiça; e o Legislativo, na Câmara Legislativa. Também ficam ali as sedes do Ministério Público e do Tribunal de Contas do DF. Chegamos aos memoriais dos Povos Indígenas e JK. Desde o ano 2002, os dois prédios têm, nos jardins, esculturas esféricas gigantes, que pesam 400 quilos cada e foram feitas pelo artista plástico Darlan Rosa, como homenagem ao centenário de nascimento de Juscelino Kubitschek.
Logo depois vêm a Praça do Cruzeiro - com o pôr do Sol mais lindo que eu já vi -, os acessos ao Sudoeste, ao Setor Militar Urbano e ao Cruzeiro, e a Catedral Rainha da Paz, que tem a forma de uma barraca, como aquelas em que moraram alguns candangos quando vieram construir Brasília. O Eixo Monumental termina na EPIA, Estrada Parque Indústria e Abastecimento. A pista que vai para o norte leva ao Lago Norte, Sobradinho e Planaltina, e vira a BR-020, que vai até Fortaleza. Já a pista que vai para o Sul passa pelo Guará, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Park Way, Gama e Santa Maria, vira BR-040 e só termina no Rio de Janeiro.
E, já que chegamos às saídas de Brasília, na próxima reportagem vamos falar sobre as BRs que nos levam Brasil afora.
* Com produção de Graziele Bezerra
** * Essa é mais uma reportagem do especial Brasília 60 Anos, que vai ao ar na Rádio Nacional e parceiras. Acesse todas as reportagens publicadas até aqui nesta página. O especial continua até o dia 21 de abril, quando Brasília completa 60 anos de inauguração.