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Pandemia: com mais pessoas em teletrabalho, surgem novos desafios para funcionários

1º de maio
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Maíra Heinen
01/05/2020 - 07:00
Brasília

Acordar, tomar um banho, tomar café e ir trabalhar… em casa. Diante de um cenário de pandemia, essa é a nova realidade de muita gente, quando a sala ou o quartinho de estudos vira o escritório, e quando a sala de reuniões é online.


Muita gente caiu de paraquedas nessa nova rotina, precisou se adaptar e conseguiu. É o caso do cientista político João Vitor Aguiar, de 23 anos. Há um mês trabalhando de casa, ele confessa que não gosta muito do modelo home office, mas que se ajustou bem.


“Tem dado bastante certo, eu acredito que a minha produtividade não caiu, pelo contrário. Mesmo não gostando de estar em casa, eu acho que às vezes isso ajuda. Minha produtividade tem dias que está melhor do que no trabalho”.


Não foi o caso do advogado Cláudio Henrique Costa, de 53 anos. Com hipertensão, ele se encaixa no grupo de risco para a Covid-19, mas o trabalho em casa não rendeu.


“Mesmo eu tendo uma condição de risco para Covid-19, que é a hipertensão arterial, eu não me adaptei ao trabalho remoto, por uma série de circunstâncias. Então mesmo com esse fator de risco, eu tenho ido ao trabalho normalmente”.


Assim como o advogado Cláudio Henrique, muita gente está com dificuldades de trabalhar de casa, porque os filhos também estão lá e demandam atenção. O sócio-diretor do Instituto Trabalho Portátil, André Brik, estuda o modelo de teletrabalho há alguns anos e ressalta que, nesses casos, é preciso mais do que nunca, tolerância, principalmente por parte da empresa.


“Existem algumas coisas que podem ser realizadas em revezamento com o companheiro, ensinar as crianças a brincarem sozinhas. Mas a dica principal é analisar a situação com olhar de tolerância. Ter mais flexibilidade com ruídos domésticos; deve haver, também, empatia dos gestores, porque é uma situação extraordinária, não houve tempo de capacitação, implementação de forma gradativa. Foi feito às pressas, muito sem preparo”.


E para muita gente, na nova realidade o pijama e o chinelo viraram companheiros do dia todo. Além disso, estar em casa é também um prato cheio para distrações. André Brik orienta que a pessoa procure um espaço mais afastado do burburinho doméstico, crie uma sinalização para mostrar aos outros moradores que está trabalhando naquele momento, e ainda que crie rituais de início e finalização do trabalho e se vista para trabalhar.


“Se vestir para trabalhar, não trabalhar de pijama, porque isso a gente sabe por estudos que realmente interfere na forma pela qual o trabalho é executado”.


O modelo de teletrabalho já estava em crescimento antes da chegada do novo coronavírus. André aponta que 45% das empresas já estavam adotando alguma forma de trabalho remoto.


Durante o período de isolamento, segundo o Ministério da Economia, 43,74% dos servidores públicos federais, por exemplo, estão em home office. Os dados foram coletados no início de abril.

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