Ônibus do Rio vão continuar circulando sem ar-condicionado

Os ônibus do Rio de Janeiro continuarão circulando pela cidade com o ar- condicionado desligado, mesmo durante os dias mais quentes. Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, a medida será mantida enquanto durar a pandemia, com o objetivo arejar o ambiente interno dos coletivos. Os ônibus cujas janelas não abrem, do tipo frescão, terão que fazer a manutenção constante do sistema de ar-condicionado.

A prefeitura diz que está fiscalizando o cumprimento dessas medidas e de outras regras sanitárias, como a observação da marcação de distanciamento nos corredores dos coletivos, com mais de 4.500 multas aplicadas desde o início da pandemia.

No entanto, na avaliação dos passageiros, a crise sanitária só deixou mais transparentes os problemas cotidianos enfrentados nesse tipo de transporte. O calor e a falta de manutenção são velhos conhecidos dos moradores da capital.

Antônio Oliveira Lima, de 66 anos, que é porteiro em um prédio na zona norte da cidade e precisa de dois ônibus para chegar ao trabalho, desconfia que as empresas estão aproveitando da pandemia para não prestarem um serviço adequado.

No caso de Antônio, uma das linhas que utiliza ainda substituiu o modelo convencional por um microonibus, o que contribui para a aglomeração. O presidente do Sintraturb Rio, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus, José Carlos Sacramento, considera que a medida de andar com as janelas abertas é prudente neste momento, mas alerta para a necessidade urgente de controlar a lotação e os passageiros em pé.

Desde o mês de junho, quando a prefeitura derrubou a proibição inicial de circulação de passageiros em pé, não existe uma regra que limite a capacidade.

A Secretaria de Transportes respondeu, por meio da assessoria de imprensa, que não há um percentual máximo de ocupação definido porque existem diferentes tipos e plantas de ônibus e que, por isso, a recomendação é seguir as marcações no piso do coletivo para manter a distância recomendada e não haver lotação indevida.

O Rio Ônibus, Sindicato das Empresas de Ônibus, respondeu, por meio de nota, que as empresas que integram os quatro consórcios operacionais na cidade cumpriram rigorosamente todas as metas estipuladas para a climatização da frota até o início da pandemia, mas que, diante dos efeitos causados pela crise sanitária, é necessário que os prazos inicialmente acordados sejam revistos levando em consideração a capacidade de investimento das empresas.

O Rio Onibus menciona, ainda, que os novos protocolos sanitários que determinam a circulação dos ônibus com as janelas abertas inviabilizam o projeto de refrigeração dos coletivos conforme havia sido acertado.

Segundo o Sintraturb Rio, foram cerca de 140 motoristas e cobradores infectados pela covid-19 desde o início da pandemia, 41 morreram em decorrência da doença.

* Áudio substituído para inclusão de nota do Rio Ônibus