O Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito civil para apurar se houve irregularidades nas intervenções da prefeitura de São Paulo na região da Cracolândia, especialmente nos dias mais violentos da operação: 12 e 13 de maio.
Na noite de quinta-feira, Raimundo Nonato Fonseca Junior, de 32 anos, foi baleado e morto. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, três policiais civis teriam sido responsáveis pelos tiros que mataram o usuário de crack.
No ofício que instaura o inquérito, os quatro promotores que vão ficar responsáveis pelos trabalhos no Ministério Publico argumentam que a operação realizada na região da Praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, que passou a ser conhecida como Nova Cracolândia, foi mais violenta que a operação realizada em 2012, que ficou conhecida como "Dor e Sofrimento".
Naquela época, o prefeito era Gilberto Kassab, do PSD, e a própria prefeitura divulgou que operação tinha a intenção deliberada de causar intenso sofrimento físico e psíquico nos dependentes químicos como meio de forçá-los a buscar tratamento. Dez anos depois, o número de pessoas que fazem uso de crack na região continua o mesmo: cerca de DUAS mil pessoas no período noturno.
Vão ser convocados para prestar depoimento o secretário municipal de Assistência Social, Carlos Bezerra Júnior, o secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, o comandante da Guarda Civil Metropolitana, Agapito Marques e o coordenador do programa “Rendenção”, Artur Guerra. Quando foi lançado, em 2017, ainda sob a gestão de João Dória, do PSDB, a promessa do programa Rendenção era promover cidadania e dignidade na região, especialmente para os dependentes químicos.