Chegaram a Brasília nessa quinta-feira (16) os restos mortais que, segundo o suspeito Amarildo da Costa de Oliveira, são do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. O material foi encontrado nessa quarta, depois de onze dias de buscas, e, agora, vai passar por perícia no Instituto de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília. A previsão é que o resultado deve sair em uma semana.
Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram no dia 5 de junho. Eles tinham saído da comunidade São Rafael rumo a Atalaia do Norte, no Amazonas. No dia 7, a Polícia Federal prendeu o primeiro suspeito, Amarildo, que foi quem confessou e indicou o local do crime. E, na terça-feira, o irmão dele, Oseney, também foi preso.
Autoridades e instituições se manifestaram. Nessa quinta, o presidente Jair Bolsonaro usou uma rede social para comentar as mortes. Ele escreveu “Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração de todos!” Bolsonaro fez a postagem comentando uma nota de pesar divulgada pela Fundação Nacional do Índio.
No texto, a Funai lamenta as mortes de Bruno e Dom. Afirma que o indigenista “deixa um imenso legado para a política de proteção de indígenas isolados e de recente contato, área em que se tornou um dos principais especialistas no país e que atuava com extrema dedicação”. Destaca que Bruno Pereira “era considerado uma referência por colegas e por indígenas, com os quais construiu uma relação de amizade ao longo dos anos”.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, também manifestou pesar. Afirmou que um grupo de trabalho do Conselho Nacional de Justiça vai acompanhar os desdobramentos, para garantir rapidez da justiça. Fux acrescentou que “a luta do indigenista e do jornalista para garantia dos direitos humanos e da preservação da Amazônia jamais será esquecida”.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos também emitiu uma nota de pesar.
O Ipam, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, disse que não reconhece a região como local de violência e prática de crimes, porque a Amazônia é sinônimo de vida. Pediu que as autoridades esclareçam definitivamente o caso, de forma firme, transparente e rápida para este e os demais casos de ameaças a ativistas na região.
A Univaja, União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, se solidarizou com as famílias, agradeceu ao apoio da Equipe de Vigilância, da Polícia Militar e à cobertura da imprensa. A Univaja destacou que desde o ano passado denuncia a pesca e caça ilegais na região do Vale do Javari, no Amazonas. E manifestou preocupação com o que pode ocorrer quando as Forças Armadas saírem de Atalaia do Norte.
Nessa quarta, durante uma entrevista coletiva, a força-tarefa que atuou nas buscas informou que os militares e os policiais continuam no local, por tempo indeterminado.
Victor Ribeiro - Repórter da Rádio Nacional
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