Discurso na Assembleia da República fecha viagem de Lula a Portugal
O presidente Lula encerrou a viagem à Portugal com um discurso na Assembleia da República. Aos parlamentares portugueses, falou da relação entre os dois países e de democracia, criticou golpistas e o militarismo e, mais uma vez, condenou a invasão da Ucrânia.
A fala dele ocorreu no mesmo dia em que Portugal celebra os 49 anos da Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura salazarista.
"O 25 de abril nos mostra que uma política militar que enfrenta um povo em luta pela liberdade jamais poderá vencê-lo. Poderá, no máximo, prolongar o conflito indefinidamente e assim, tornar mais custoso e inevitável (o) acerto de contas com sua própria população. Quem acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos da história".
E, fazendo um paralelo entre a política lá e aqui, lembrou dos ataques constantes à democracia brasileira nos últimos quatro anos e do negacionismo - principalmente, do negacionismo das vacinas na época da pandemia e também das fake news.
"Temos visto um recrudescimento de ideologias extremistas, impulsionadas pela ditadura dos algoritmos. Elas reduzem o espaço para o dialógo. Temos visto o aumento da desigualdade, da pobreza e da fome. A crise climática tem se agravado. Mais recentemente, tivemos que enfrentar a pandemia do covid-19 e, paralelamente, fomos atacados pelo vírus da anticiência e do desprezo pela vida humana. No Brasil, vivemos a consequência trágica de demagogos, negacionistas: durante a pandemia, 700 mil pessoas morreram vítimas da covid. Metade dessas mortes poderiam ser evitadas não fosse as fake news, o atraso na obtenção de vacinas e a negação da ciência feita pela extrema-direita do meu país".
Ao falar sobre a guerra, o presidente condenou a violação territorial na Ucrânia e pediu diálogo, mais uma vez. Ele também defendeu uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.
Durante a fala de Lula, um pequeno grupo de parlamentares - cerca de dez - protestou contra a visita dele ao país. E o presidente do Parlamento português, Santos Silva, que é do Partido Socialista, deu uma reprimenda no grupo e cobrou respeito.
"Deputados que querem permanecer na sessão plenária tem que se portar com urbanidade, cortesia e educação, que é exigida de qualquer representante do povo português. Chega! Chega de insultos! Chega de degradarem as instituições! Chega de porem vergonha no nome de Portugal".
Esse foi o último compromisso de Lula em Portugal antes de ir para Madri.