O trabalho não pago de afazeres domésticos e cuidados nas famílias, se contabilizado, acrescentaria 13% ao PIB brasileiro. Essa é a principal conclusão de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o FGV IBRE, divulgado nesta semana, que revela também que as mulheres brasileiras dedicam até 25 horas por semana a essas atividades, enquanto os homens dedicam cerca de 11 horas.
Isabela Duarte, pesquisadora do FGV IBRE, resume dos dados.
De acordo com a pesquisa, as mulheres contribuiriam com 65% dessas atividades, com variações regionais. O reflexo dessa realidade, segundo a pesquisa, se dá no mercado de trabalho, com maiores dificuldades para elas em alcançar melhores posições, como explica Isabela Duarte.
A pesquisa também analisa os rendimentos das trabalhadoras domésticas e aponta que a região Nordeste é a que tem os piores índices, com o menor valor por hora trabalhada. Os rendimentos médios da região são inferiores aos rendimentos de todas as demais regiões, chegando a R$1.748,00, em 2022, sendo o maior rendimento R$ 2.706,00, na região Sudeste. O rendimento médio pós-pandemia não retornou a seu valor de antes da Covid-19, com exceção das regiões Norte e Centro-Oeste.
A pesquisadora Isabella acrescenta que as mulheres, muitas vezes, têm maior instrução e mesmo assim ganham menos. Para ela, o cenário poderia se tornar melhor com mais conscientização social e políticas públicas, especialmente na construção de creches e escolas em turno integral.